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    COLUNISTAS

    Crisiane Venson - fonocrisvensonbacha@gmail.com

    Ronco e Apneia obstrutiva do sono e a Fonoterapia como possibilidade de tratamento

    3 anos atrás

Apneia obstrutiva do sono ocorre devido ao estreitamento da passagem de ar na região posterior da garganta, motivado por flacidez no local, obesidade ou problemas ortognáticos, causando uma pausa respiratória com duração igual ou superior a 10 segundos em vários episódios durante uma única noite de sono. Estudos evidenciam que são observadas alterações das estruturas e funções do sistema neuroestomatognático nos indivíduos roncadores e com apneia obstrutiva do sono, indicativos como aumento do volume lingual tanto lateralmente como longitudinalmente, aumento da altura do dorso de língua e denteamento de suas bordas, véu palatino e úvula alongados, hiperemiados e edemaciados além de alterações funcionais da mastigação e da deglutição.

A fonoaudiologia e o sono possuem uma relação mais antiga do que se conhece. E é uma possibilidade de tratamento em pacientes com apneia obstrutiva do sono, fortalecendo e equilibrando estruturas orofaciais e as funções neuroestomatognáticas auxiliando na reversão do distúrbio.

Se o palato mole, língua e úvula (campainha) estiverem com pouca tonicidade muscular, tendem a “cair” e ficarem mais volumosos. Por esse motivo o ronco talvez seja um “aviso” de que a pessoa não está recebendo adequado aporte de ar durante o sono.

“Microdespertares” noturnos são rotina nessa condição, pois o indivíduo acorda várias vezes com falta de ar e sensação de sufocamento.

Sendo flacidez muscular de língua, palato mole e úvula um dos escopos de trabalho da motricidade oral, a fonoaudiologia vem atuando junto a esses pacientes com benefícios comprovados por eles, em teses e pesquisas. Demonstram a diminuição da quantidade e da duração das pausas respiratórias noturnas pós-atendimento fonoaudiológico. Testes laboratoriais também comprovam o aumento de oxigênio no sangue dessa população. O tratamento da fonoaudiologia para o ronco é simples e com resultados rápidos para a melhora do ronco leve a moderado.

Após efetuar uma avaliação da função muscular de toda a face (lábios, língua, bochechas, palato mole, úvula, pescoço), assim como funcionamento desta musculatura na mastigação, deglutição, sucção, respiração e fala, o fonoaudiólogo deverá preparar uma série de exercícios que possam promover o fortalecimento e posicionamento adequado da musculatura.

Finalmente, gostaria de lembrar que a apneia obstrutiva do sono é uma doença multifatorial. Alguns indivíduos conseguem reunir mais de um fator de risco para sua ocorrência. O sucesso terapêutico destes indivíduos muitas vezes se encontrará na combinação de dois ou mais tratamentos disponíveis e que deverão ser escolhidos e combinados com base na individualidade de cada caso. Seja lá quais forem eles, uma coisa é certa: havendo distúrbios miofuncionais, a associação do trabalho fonoaudiológico pode ser a peça chave para o sucesso do tratamento.