Existem muitos estudos sobre o estado emocional de um atleta, seja profissional ou na iniciação, onde a diversão ainda é o foco. Existe também, muitas recomendações de psicólogos e/ou professores de como os pais devem agir em relação as diversas situações em que seus filhos passam em jogos e treinos. Diante das inúmeras emoções em que os pais são expostos em uma arquibancada, torcendo, vibrando, brigando, segurando a emoção, nervoso a ponto de não conseguir falar, as vezes muito mais que o próprio filho, ou até tagarelando sem parar com outros pais e mães presentes, mas com o canto de olho mirando cada detalhe da participação do filho, de fato as emoções são as mais variadas, mas qual a maneira correta? Como os pais devem ou não agir sem atrapalhar seu filho? Não há um manual para saber como agir fora de quadra enquanto seu filho está tentando se concentrar dentro do certame.

Toda criança faz questão de jogar e ser assistido por seu pai, sua mãe e qualquer outro familiar que se dispuser a se fazer presente. A criança quer mostrar o que sabe, quer vencer uma partida para o pai ver, ou até fazer um gol em homenagem a mãe, mas acima de tudo, quer se divertir no esporte. Por outro lado, frequentemente os pais, na ânsia de ver essa felicidade concretizada, acabam atrapalhando, seja brigando com o árbitro, com o professor ou até tentando passar alguma instrução para o próprio filho. Embora os pais tenham o melhor dos objetivos com isso, seguramente, tiram o foco das crianças. Já acompanhei alunos e atletas de qualidade desistindo de continuar no esporte pela cobrança excessiva de seu pai. Essa situação é explicada pela psicologia através do Burnout esportivo, em que o estresse vivido pela criança é tão grande a ponto de perder o interesse em continuar na atividade, e uma vez ocorrido isso, o retorno é um obstáculo gigantesco.

Lendo a Autobiografia de André Agassi, um dos maiores tenistas de todos os tempos, ele relata que não gostava de jogar tênis e isso, em grande parte, era por causa de seu pai, que foi seu primeiro treinador. André Agassi relata que aos seis anos de idade seu pai o obrigava a rebater mil bolas por treino. Numa idade em que a diversão no esporte deveria ser primordial, ele já tinha um volume de treino profissional. Esse é um caso extremo, em que o atleta seguiu firme no esporte por ser o único caminho a trilhar para uma vida de sucesso, mas sem o gosto pelo que se fazia. Toda criança tem orgulho de seus pais e, principalmente no caso dos meninos, ver seu pai na arquibancada o apoiando, é motivo de felicidade. Vencer ou perder é consequência de uma série de fatores que muitas vezes estão alheios a vontade de professores e atletas, e até ao entendimento de quem está apenas acompanhando o jogo.

Em todos os artigos já estudados, livros já lidos e experiências já vivenciadas, a reação em que toda criança e adolescente julga mais relevante, é a felicidade em ver seus entes queridos comemorar junto com eles e saber que eles sempre irão apoiá-los, na vitória ou na derrota, sem fazer diferença. Disso eu tenho certeza que ninguém discorda. Então, seja o resultado que for que seu filho esteja vivenciando, comemore junto, ou dê o apoio necessário, mas sem exageros, sem excessos. Converse sobre a vitória, ou sobre a derrota. O filho atleta sempre tem o que contar e essa troca de informações é muito importante nessa fase. Dê seus pontos de vistas, rebata o que seu filho pensa, concorde ou discorde dos pontos de vistas, mas não ultrapasse a liberdade que ele está lhe dando, porque se exceder de mais na conversa, pode ser que a liberdade nesse bate papo seja menor da próxima vez, e assim, não é interessante para ninguém. Assim como queremos ensinar nossos filhos como agir em determinadas situações, precisamos aprender com eles também.