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GERAL
Brigada Militar deixa autoridades de São Marcos esperando em reunião sobre deficiência no atendimento à comunidade
Comandante local da Brigada Militar não compareceu à reunião marcada pelo Ministério Público de São Marcos, na Câmara de Vereadores, com autoridades, na tarde desta quinta-feira (9), para discutir deficiência no atendimento e efetivo policial insuficiente
3 anos atrás
Após ter confirmado, na última terça-feira (7), que participaria da reunião marcada pelo Ministério Público de São Marcos, a partir das 15h30 desta quinta-feira (9), na Câmara de Vereadores, o tenente Paulo Ricardo Mello, comandante local da Brigada Militar de São Marcos faltou ao encontro sem justificativa. O fato gerou indignação das autoridades do município presentes, pois o encontro tinha exatamente o objetivo de apontar deficiências no atendimento da Brigada Militar e debater soluções para a melhoria do serviço e vinda de mais policiais militares para São Marcos. “Esta reunião foi convocada pelo Ministério Público na Câmara de Vereadores de São Marcos em razão da instauração de procedimento administrativo na Promotoria de Justiça justamente para apurar deficiências no trabalho que vem sendo desenvolvido pela Brigada Militar no município”, observou o promotor de Justiça Evandro Kaltbach ao abrir o encontro. “Lamento profundamente a ausência injustificada do comando local nessa reunião porque o objetivo não era e não é tão somente pontuar deficiências no atendimento da Brigada, mas principalmente, mas essencialmente enquanto comunidade e poderes constituídos nessa cidade ajudarmos e procurarmos soluções e ajuda auxílio para a Brigada Militar”, ressaltou Evandro.
Após saudar as autoridades presentes no encontro, prefeito Evandro Kuwer, presidente da Câmara, Antonio Luiz Brochetto, presidente da CIC São Marcos, Dorival Perozzo, e os demais presentes, o promotor de Justiça de São Marcos apresentou os objetivos da reunião marcada. “Apurar, em decorrência de diversas reclamações apontadas, a omissão da Brigada Militar de São Marcos em coibir a prática de contravenção penal, perturbação, crimes ambientais, maus tratos a animais, notadamente o que diz respeito aos reiterados não atendimentos de chamadas via 190 bem como, em tese, a desarrazoada exigência de registro de ocorrência para eventual ordem de deslocamento de viatura para atendimento de chamados”, enumerou Evandro. Além disso, segundo lembrou, apurar o motivo de o número 190 da Brigada Militar de São Marcos estar sendo atendido na cidade de Flores da Cunha, “bem como eventual prejuízo aos cidadãos são-marquenses com tal prática”.
Outro item elencado pelo promotor foi o objetivo de apurar o motivo pelo qual as armas, equipamentos e coletes balísticos doados pela comunidade de São Marcos, através da CDL e CIC São Marcos para o Pelotão de Polícia da cidade, para específica segurança desta comunidade, não estarem mais no município. “Ao que se tem notícia, e sim terem sido deslocados, à revelia dos doadores e contrariando o propósito da doação, para outra cidade, sem saber qual, e o motivo”, observou Evandro Kaltbach.
Autoridades repudiaram não comparecimento de tenente Melo em reunião: ‘desrespeito com a comunidade’
Ao fazerem uso da palavra, o presidente da Câmara de Vereadores, Antônio Luiz Brochetto, e o presidente da CIC São Marcos, Dorival Perozzo, repudiaram a atitude do não comparecimento à reunião por parte do comandante local da Brigada Militar, tenente Paulo Ricardo Mello. “O nosso repúdio, vamos dizer assim, com relação ao desrespeito por parte de uma autoridade que está inserida para dar segurança a sociedade, para a coletividade, e num momento desses ela se furta a vir e estar presente conosco”, assinalou Brochetão.
Já o presidente da CIC São Marcos Dorival Perozzo destacou que “o atendimento da Brigada Militar local não condiz com a necessidade do município”. “A sociedade empresarial, já por diversas vezes, se mobilizou doando coletes, armas pessoais, armamento pesado, material de comunicação, que acabou indo para fora, e nós ficamos aqui a ver navios, não temos atendimento, não temos suporte de nada. Eu já desisti até de ligar para a Brigada Militar, porque não tem respaldo nenhum. E no momento em que a comunidade se reúne, disposta a discutir os problemas e quem sabe ajudar nesses problemas, simplesmente a falta de consideração, eles não aparecem. Acho que isso é um desrespeito com a comunidade e não podemos esquecer que eles são funcionários públicos, são pagos com os impostos de quem trabalha, é uma falta de consideração, no mínimo deviam comparecer aqui e dar uma satisfação”, declarou Dorival Perozzo.
O presidente da CIC observou que é necessário partir para “instâncias superiores” em busca de soluções para os problemas de segurança no município. “Talvez seja uma solução fazer uma união dos prefeitos de municípios que estejam com o mesmo problema que São Marcos e pressionar através da CICs Serra, Federasul e colocar força para encaminhar esse pedido, quanto mais representatividade melhor”, frisou Dorival Perozzo.
‘Se sabe que tem turmas se formando e estamos pedindo que venham mais policiais para São Marcos’
Em seu pronunciamento, o prefeito de São Marcos, Evandro Kuwer, destacou que o município esteve em contato direto com a Secretaria Estadual de Segurança, cobrando mais efetivo para São Marcos, junto com deputados que apoiam a região e município. “O 36º Batalhão, tem aqueles dias que eles reforçam o policiamento, mas no dia a dia temos aquele número reduzido de profissionais. Nós, como município, não contratamos PM, quem contrata é o Estado. Então, o que nos cabe é, junto com entidades, com o Ministério Público, cobrar mais efetivo, que realmente venha a atender as necessidades de nosso município. É o que estamos fazendo desde 2017 e continuamos fazendo até hoje. Se sabe que tem turmas se formando e estamos pedindo que venham mais policiais para São Marcos. O município é muito parceiro, os empresários são parceiros em dar subsídios, em ajudar para a reforma de veículos, até compra de equipamentos, mas o profissional humano quem tem que nos fornecer é o Estado”, apontou Evandro Kuwer.
Sopran de São Marcos: ‘nós precisamos de acompanhamento da Brigada Militar em denúncias em locais perigosos’
A vereadora Carla Elisa Scopel, ex-presidente da Sopran, relatou situações que envolvem o atendimento deficitário da Brigada Militar em casos de maus tratos a animais. “Eu, como representante do poder legislativo, continuo trabalhando como voluntária juntamente com a diretoria da Sopran. Nós precisamos de acompanhamento da Brigada Militar em denúncias em locais perigosos, em pontos que a gente sabe que há tráfico e prostituição e também no interior do município, onde há poucos dias foi encontrada uma cadela praticamente degolada. Conseguimos salvar, mas foi pedido a presença da Brigada Militar e se recusaram a ir. Em outras denúncias fui ameaçada e foi ligado na hora pedindo apoio, suporte e socorro e a BM se negou a ir, alegando que primeiro teríamos que registrar a denúncia na Polícia Civil. É um absurdo isso!”, declarou Carla Scopel, reforçando que em todas as ocasiões em que a Brigada Militar foi chamada para atender a causa animal de São Marcos, não compareceu.
Promotor de Justiça de São Marcos encaminhou documento à Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais para conhecimento dos fatos relatados em reunião, solicitando auxílio e intermediação para diálogo
Após as manifestações, o promotor de Justiça de São Marcos, Evandro Kaltbach, confeccionou ata, que foi assinada por todos os presentes na reunião. Conforme informa o promotor, foi encaminhado documento à Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais. “Foi feita juntada da ata no expediente instaurado e em razão do aparente ruído verificado entre a Brigada Militar e os poderes constituídos, entidades, instituições e representantes da comunidade, com a deliberada ausência do principal interessado no assunto. Foi encaminhado o expediente para a subprocuradoria para que, na medida do possível, prestassem um inestimável auxílio para uma interface de diálogo com a Secretaria de Segurança Pública e/ou Comando Geral da Brigada Militar, bem como junto ao Tribunal de Contas do Estado”, detalha Evandro.
Promotor encaminhou pedido para esclarecimento junto ao Tribunal de Contas do Estado quanto à legalidade do pagamento de auxílio moradia pela prefeitura aos policiais militares
Conforme explica, o diálogo com o Tribunal de Contas do Estado visa a verificar o questionamento levantado pelo prefeito Evandro Kuwer, durante a reunião desta quinta-feira (9), quanto à legalidade do pagamento do “auxílio moradia” pela prefeitura aos policiais. O benefício era pago em São Marcos até 2017, quando foi extinto durante o primeiro ano do primeiro mandato de Evandro Kuwer, que alegou que o pagamento era ilegal.
Conforme destaca o promotor Evandro Kaltbach, o documento enviado busca a necessária intermediação de diálogo para que haja soluções para as pautas e reclamações postas pela comunidade, objetos do expediente, assim como para o reforço de efetivo de pessoal com lotação de mais policiais militares para o Pelotão da Brigada Militar de São Marcos. “Assuntos que poderiam ter sido facilmente tratados na reunião de ontem se o comando da BM tivesse comparecido e aproveitado a oportunidade que todos estavam presentes para pedir esse auxílio de forma pública, relatando as dificuldades que o comando tem enfrentado na cidade e no seu pelotão com a falta de efetivo”, assinala o promotor de Justiça de São Marcos.