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GERAL
RECLAMAçãO
São-marquense aponta “descaso” com idosos no transporte público do município
Em junho, empresa Vismar, de São Marcos, determinou reajuste de 6,5% no valor da passagem e, há três meses, mudou método de embarque de idosos, que devem entrar e sair apenas pela porta da frente
5 anos atrás
Gratuidade não permite que idosos passem a catraca, por isso precisam se aglomerar na parte frontal do ônibus (Foto: arquivo pessoal)
Na última sexta-feira, 14 de junho, o Jornal L’Attualità recebeu reclamação de são-marquense a respeito do transporte público urbano de São Marcos, executado pela empresa Vismar. A moradora, e usuária do serviço, relata o reajuste no valor das passagens, desde o dia 1º de junho, e mudanças nas regras de embarque e desembarque, que estariam gerando transtorno para o público idoso. “Há alguns dias percebi que a mudança injustificável no preço não veio sozinha. Junto colocaram a regra de que os idosos, além de não poderem entrar pela porta de trás, também não podem atravessar a catraca sem pagar”, conta Bruna Giotti.
Ela relata que há um grande número de idosos que utilizam o transporte urbano em São Marcos e, por esse motivo, precisam se aglomerar na parte da frente do ônibus, ficando sem espaço muitas vezes. “Houve uma vez em que presenciei a necessidade dos idosos descerem para ter espaço para os pagantes passarem pela catraca, o que me comoveu, pois muitos devem se poupar de demasiado esforço físico”, aponta Bruna, comentando que no espaço posterior à catraca sempre há bancos vazios. “E se não sobra o cidadão são-marquense não permite que o idoso fique de pé e logo cede o banco”, complementa.
Ela destaca, ainda, que já fez a reclamação à própria Vismar, mas ainda não percebeu mudanças no sistema da empresa.
‘Se gira a catraca tem que pagar’
O L’Attualità entrou em contato com a empresa Vismar na manhã desta segunda-feira (17) para obter uma justificativa sobre o assunto levantado pela usuária Buna Giotti. O gerente da empresa, Leandro Dombrowski, relata que o reajuste no valor da passagem foi de 6,5%, passando de R$ 2,25 para R$ 2,40 desde o dia 1º de junho. Ele garante que a atualização do valor está prevista em contrato (de concessão pública com a prefeitura), mas não acontecia há cerca de dois anos. “Nossa tarifa é uma das mais baratas da Serra”, justifica Leandro.
Diariamente são transportadas em São Marcos de 120 a 200 pessoas, incluindo idosos, que são a maioria de público da Vismar. Passageiros com mais de 60 anos tem a gratuidade garantida pela empresa. “Hoje a minha demanda é muito mais de idosos do que de pagantes. Esse é o nosso maior problema, e outro problema é que tem idoso que não pega o ônibus no bairro no Vida Nova, por exemplo, e desce no centro. Ele embarca às 8h40 da manhã e desembarca só as 10h30. Fica girando no ônibus, e eu não posso obrigar o passageiro a desembarcar. Só que ficam vários ocupando essa vaga e as pessoas ficam em pé”, comenta o gerente da empresa.
Visualizando esse problema, há alguns anos a empresa mudou o método de embarque e determinou que os idosos entrassem pela porta de trás. Porém, a atitude gerou mais transtornos. “O que aconteceu é que no meio das andanças, começou entrar o pessoal pagante na porta de trás também e não pagavam a passagem para o motorista”, conta. Diante disso, há cerca de três meses, a Vismar voltou a exigir que os não pagantes entrem pela porta da frente e desçam pela mesma, enquanto os pagantes entram pela frente e descem pela traseira. “O passe livre não passa catraca, ele fica na frente. Se gira a catraca tem que pagar”, pontua o gerente da Vismar.
Vismar depende da contratação de empresas
A empresa Vismar atua em São Marcos desde 1995 e já assinou três contratos de 10 anos com a prefeitura. Além do transporte urbano, a Vismar faz transporte escolar, através de licitação, e também fretamento para empresas locais. Ele detalha que cada linha do transporte público percorre cerca de 24 quilômetros, saindo de São Luiz ao bairro Michelon e, em alguns horários, passando pelos bairros Progresso, Bela Vista, Tapejara, Santini e Polo.
Com a tarifa, desde de junho, no valor de R$ 2,40, o gerente Leandro Dombrowski observa que não há lucros para a empresa. “Nosso transporte coletivo urbano não é sustentável, o transporte urbano paga o combustível só. Eu tenho que pegar a arrecadação que eu tenho transportando para uma empresa, o que ela me daria de lucro, para sustentar o transporte urbano”, comenta.