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    São Marcos registra casos de possível reinfecção

    Quatro pacientes já recuperados da doença testaram positivo para covid-19 novamente meses depois. Daiane Alves fala sobre importância da vacina e previsões para 2021

    4 anos atrás

    Joacir Furlan, 52 anos, teve teste positivo em agosto e em dezembro

Até este dia 16 de novembro, São Marcos registra 833 casos positivos de Covid-19. 24 foram registrados apenas nesta quarta-feira (16) devido ao retorno de grande quantidade de testes PCR analisados pelo Lacen (Laboratório Central de Saúde Pública). 83 casos estão ativos, sendo que 79 estão em isolamento domiciliar e quatro hospitalizados (um em UTI). Até o momento, São Marcos contabiliza 10 óbitos causadas pela covid-19. O Município aguarda os resultados de 155 testes PCR realizados, que ainda não foram informados pelo Lacen.

Informações diferentes sobre o coronavírus e a covid-19 surgem a cada novo estudo realizado por pesquisadores. Alguns casos ainda são uma incógnita inclusive para profissionais da área, entre eles os casos de possível reinfecção, que já são registrados também em São Marcos. “Temos casos notificados de são-marquenses que pegaram no começo da pandemia e voltaram a ter agora”, informa Daiane Alves, coordenadora da Vigilância Ambiental em Saúde e responsável pela coleta de dados epidemiológicos e análises de dados do COE de São Marcos (Centro de Operações de Emergência).

São quatro casos notificados de possível reinfecção, sendo que o primeiro caso foi notificado no dia 22 de agosto, com histórico de teste PCR positivo em 6 de junho. Estes pacientes receberam o teste positivo em duas situações, em um lapso de tempo de, no mínimo, 90 dias da primeira infecção, apresentando os sintomas característicos da doença em ambas as vezes. A enfermeira da Vigilância Epidemiológica, Bruna Gonçalves, esclarece que os quatro casos ainda precisam ser estudados para confirmar que os dois momentos foram realmente infecção por coronavírus. “Até o momento não foi possível fazer sequenciamento genético de nenhum dos quatro casos. O primeiro caso, o paciente coletou exame em laboratório privado, e na segunda infecção o exame foi no Lacen. O laboratório privado, onde não foi feita a coleta não tinha amostra para fazer sequenciamento genético. Outros três casos são de pessoas que não são profissionais de saúde, e o sequenciamento genético está sendo feito somente para profissionais de saúde”, explica Bruna Gonçalves.

São-marquense se recupera da covid-19 pela segunda vez, mas apresenta sequelas

Joacir Cardoso Furlan, de 52 anos, é um dos quatro são-marquenses infectados duas vezes pelo coronavírus. No dia 18 de agosto, ele recebeu o primeiro teste positivo para a covid-19, após ter apresentado sintomas típicos da doença, mas se recuperou sem precisar ser hospitalizado. No entanto, no último dia 3 de dezembro ele voltou a ter sintomas suspeitos. “Nessa segunda vez comecei sentir náuseas, vômito, comecei com tosse e muito cansaço no corpo. Fui no médico, me deram o exame para fazer e demorou uma semana o resultado e nesse período eu fui hospitalizado. Fiquei uma semana com oxigênio, porque sentia muita falta de ar”, conta Joacir. Ele ficou internado no Hospital São João Bosco do dia 5 ao dia 12 de dezembro, com respirador em leito de enfermaria.

O paciente se recuperou, recebendo alta do hospital, mas ainda apresenta sequelas. “Tenho muito cansaço, não consigo nem caminhar quase, dor nas pernas, me dá um pânico, me sinto mal, dá falta de ar, uma coisa ruim”, lamenta o são-marquense. Joacir, que atualmente está desempregado, relatou ao L’Attualità que não sabe onde pode ter ocorrido o contágio, porém, na segunda contaminação, sua esposa foi quem apresentou os primeiros sintomas. “A minha esposa tinha ficado de repouso porque estava com sintomas e acho que peguei dela na última vez”, analisa.

Ele observa que no período entre os dois contágios, ele manteve os cuidados preventivos, mesmo que não soubesse sobre a possibilidade de contrair a doença novamente. Joacir foi, inclusive, convidado a ser doador de plasma para pacientes em tratamento da covid-19. “As informações que a gente via era de que não se pagava de novo, mas eu me cuidava, não ia em aglomerações, me cuidava, mas mesmo assim peguei. Depois que me recuperei a primeira vez o pessoal do COE me ligou pedindo se eu gostaria de ser doador de plasma, porque eu tinha desenvolvido a imunidade e poderia passar para outras pessoas, mas acabamos não agendando”, relata Joacir Furlan.

‘Fui muito bem tratado’

O paciente destaca, ainda, o tratamento recebido no Hospital São João Bosco no período em que ficou internado. “No hospital fui muito bem tratado, fiz quatro tomografias em uma semana que passei no hospital, exame de sangue, exame da covid duas vezes. O pessoal do hospital me tratou bem, enfermeiras também, apertava a campainha e estavam sempre prontas para atender”, avalia Joacir Furlan.

Após enfrentar a doença duas vezes e seguir com sequelas que afetam sua rotina, o são-marquense deixa um recado para a comunidade. “Que as pessoas não aglomerem muito, porque onde há aglomeração de pessoas é perigoso. Eu ando na rua de carro e vejo que as pessoas não estão respeitando, acham que isso não existe, mas isso existe, e, além de tudo, nos deixa mal”, assinala Joacir Furlan.

‘Somente com medidas preventivas não vamos dar conta’

Diante do aumento repentino de casos a partir da última semana de novembro e também da reincidência de casos positivos de Covid-19, a profissional da saúde Daiane Alves ressalta a importância da imunização da população contra o coronavírus. “Aí se mostra a importância da vacina. Porque, da maneira que está, somente com medidas preventivas não vamos dar conta dessa grande onda. A vacinação é extremamente importante”, comenta, destacando as projeções feitas por autoridades da Saúde no Brasil para o próximo ano. “Países de primeiro mundo já começaram a vacinar a sua população. A informação que tive é que o Brasil pensa em vacinar 30% da população até o final de 2021, mas a gente sabe que para uma vacina ser efetiva precisa ser vacinada 70% da população ou mais. Apesar de o Brasil ser uma referência em vacinação, tem toda uma questão de logística, que dependemos muito do Ministério da Saúde para comprar seringas, agulhas, caixas, isopores, armazenamento. A gente aguarda que o governo federal ou os governadores possam pensar em uma forma de imunizar a sua população”, comenta Daiane Alves.

O governo federal apresentou na manhã desta quarta-feira, 16 de novembro, plano nacional de vacinação contra a covid-19. O documento não indica data de início da vacinação, nem qual vacina será utilizada, já que estão em fase de testes. Sabendo da necessidade de imunização de pelo menos 70% da população, o Ministério da Saúde afirma que “”o objetivo principal da vacinação passa a ser focado na redução da morbidade e mortalidade pela covid-19″, através de uma campanha em fases, de acordo com os grupos prioritários.