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    AGRICULTURA

    Reunião em São Marcos define ações de emergência para combate à entrada ilegal de alho argentino

    Produtores e comerciantes de alho se reuniram com autoridades locais na manhã desta sexta-feira (3) para tratar sobre medidas emergenciais para coibir ingresso desenfreado de alho importado da Argentina

    2 anos atrás

Na manhã desta sexta-feira, dia 3 de março, foi realizada reunião, convocada por produtores de alho de São Marcos, no Auditório Municipal Joaquim Grison, para discussão de ações emergenciais de combate à entrada do alho argentino em território brasileiro de forma ilegal. A situação é crítica para os produtores de alho brasileiros, especialmente da região serrana do Rio Grande do Sul, que enfrentam dificuldades para comercializar a sua produção devido ao ingresso desenfreado de alho importado da Argentina. Conforme projeção do setor, o prazo para que os produtores terminem de comercializar a safra do alho é de cerca de apenas mais 40 dias, sendo que os produtores estimam que o alho que permanece estocado nos galpões já teria perdido 15% do peso aguardando a venda.

Participaram da reunião em São Marcos cerca de 90 pessoas, entre produtores e comerciantes de alho, autoridades municipais, representantes de entidades ligadas a agricultura e representantes de deputados. O evento também contou com representantes dos municípios de Nova Pádua, Flores da Cunha, Muitos Capões e Vacaria.

‘Fiscalização imediata e cotas de entrada para o alho argentino’

Engenheira agrônoma Franchielli Motter foi uma das organizadoras da reunião desta sexta-feira (3)

Uma das organizadoras da reunião, a engenheira agrônoma caxiense Franchielli Motter, produtora de alho e multiplicadora de semente livre de vírus para produtores, avalia o evento como “bastante produtivo e de visibilidade”. Conforme detalha, o encontro abordou 5 pautas para serem levadas ao governo estadual, sendo uma delas a melhoria das fiscalizações em fronteiras e em barracões que comercializam alho. “Para que seja feita uma fiscalização imediata. Também pleiteamos que se estabeleça cotas de entrada para o alho argentino, definir um volume, e, se entrou esse volume, parar de trazer alho argentino. Também que seja cumprida a normativa de qualidade. Está entrando muito alho ensacado com problema, alho feio, que aí derruba preço”, aponta Franchielli.

‘Documento de estado de emergência para cultura do alho’

Segundo acrescenta, a quarta pauta foi a geração de documento nos municípios em situação de emergência, para que os produtores de alho possam renegociar o financiamento feito para custeio da colheita em comercialização. “Precisamos que os municípios gerem esse documento de estado de emergência para cultura do alho. E como quinta pauta estamos exigindo que as associações tomem medidas concretas em relação a entrada de alho. Não adianta ficar fazendo papel, mandar para deputado, engavetar e está tudo certo. Só em papel e pedido não resolve. Nós precisamos de ações concretas”, assinala Franchielli Motter.

Comissão de produtores de São Marcos deve se reunir com governador na próxima semana

Prefeito Evandro Kuwer sugeriu formação de comissão municipal para se reunir com governador

Em seu pronunciamento na reunião, o prefeito de São Marcos, Evandro Kuwer, revelou que entrou em contato com o deputado federal Márcio Biolchi (MDB) e informou a situação dos produtores de alho do município, solicitando que uma comissão de São Marcos seja recebida no Palácio Piratini em Porto Alegre. “Eu creio que é importante nós formarmos uma pequena comissão, de no máximo umas 10 pessoas, como já fizemos no passado, e fazermos uma reunião com o governador do Estado, secretário da Fazenda, secretário da Agricultura. E o deputado se colocou à disposição de organizar para que esse grupo de agricultores, para que nós possamos ir lá já na próxima semana. Nós não podemos esperar, porque o tempo urge, e nós temos que resolver essa safra, tomar medidas rápidas e urgentes”, assinalou Kuwer.

‘Daqui a pouco nós não vamos fazer o alho argentino parar 100%, mas que pelo menos ele entre de forma legal’

Conforme destacou Kuwer, assim que tiver uma posição do governo do Estado sobre horário e local para reunião no Palácio Piratini, comunicará aos interessados em participar da comissão que irá até Porto Alegre na próxima semana. Como observou o prefeito, a comissão precisará fornecer dados concretos da importação do produto argentino. “Para realmente nós gaúchos fazermos primeiro a nossa parte e depois, em nível de Estado, cobrarem dos Estados vizinhos, que também têm fronteira com a Argentina, que eles também façam a parte deles. Nós temos que cobrar critérios. A questão do Mercosul e a ligação dos governos Brasil e Argentina agora ficou um pouco complicada, mas temos que ver o que nós realmente podemos. Pode entrar produto brasileiro lá na Argentina e tem que pagar imposto. Então nós não podemos deixar que os produtos deles entrem aqui sem pagar imposto. Precisamos ter a fiscalização. Daqui a pouco nós não vamos fazer o alho argentino parar 100%, mas que pelo menos ele entre de forma legal”, apontou o prefeito.

Partidos de São Marcos enviaram ofícios solicitando apoio de deputados e senadores

Vereadora Luci Casarotto informou sobre ofício enviado a parlamentares da Cãmara e Senado

Durante a reunião, a vereadora Luci Casarotto informou que a bancada do PP na Câmara de Vereadores de São Marcos – formada por ela, Fabiana Dutra de Oliveira e José Oswaldo Diemer de Camargo – encaminhou ofício solicitando apoio para ações de combate à entrada de alho argentino no Brasil de forma ilegal aos seguintes parlamentares: deputados estaduais Silvana Covatti, Guilherme Pasi e Neri o Carteiro; deputados federais Covatti Filho e Afonso Hamm; e senadores Hamilton Maurão, Paulo Paim e Luis Carlos Heinze. “Colocamos neste ofício que ‘os alhos argentinos estão entrando no Brasil armazenados de forma inadequada, comprometendo a higiene e a qualidade do produto, não atendendo aos requisitos impostos pela legislação brasileira. Diante desse cenário, clamamos aos deputados e senadores que intercedam junto aos órgãos de controle, solicitando que seja reforçada a fiscalização, afim de coibir a entrada de alho fora dos padrões sanitários definidos em lei. A medida será importante para coibir as fraudes e as práticas desleais ao comércio, além de contribuir para a segurança alimentar dos brasileiros'”, narrou Luci. Conforme acrescentou, as bancadas do MDB e PDT também enviaram ofícios para os seus deputados a respeito do assunto.

‘Solicitar que seja trancada essa importação do alho argentino’

O vereador Antônio Luiz Brochetto (Brochetão) também se pronunciou durante a reunião com os produtores e comerciantes de alho nesta sexta-feira (3), exaltando a importância de “valorizar e defender os trabalhadores” e “que haja uma resposta definitiva do governo do Estado para o problema”. “Concordo com o prefeito que tem que sair uma comissão daqui de São Marcos e que, junto com a Secretaria de Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul e demais entidades que lutam nessa área, solicitem que seja trancada essa importação do alho argentino. Porque o governo autorizou essa importação, o governo é conivente com essa situação que nós estamos aqui debatendo, trabalhando, lutando para buscar os direitos consagrados pelo nosso trabalhador”, apontou Brochetão.

‘A missão agora é fazer sair do papel essa fiscalização do alho’

Presidente do STAF Sandra Meneguzzo participará da comissão que irá conversar com governador em Porto Alegre na próxima semana

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares (STAF) de São Marcos, Sandra Meneguzzo, ressaltou que a movimentação de combate à importação ilegal de alho argentino já iniciou com o assunto sendo levado até as autoridades e entidades do setor. “Já está no papel, já chegou aos deputados, senadores, Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul) e Anapa (Associação Nacional dos Produtores de Alho). Já está em Brasília, já está todo mundo sabendo. Então a missão agora é fazer sair do papel essa fiscalização do alho. Acho que isso é urgente. O sindicato se coloca à disposição para ir junto (ao Pilácio Piratini, em Porto Alegre) e eu vou fazer o convite aos presidentes da Anapa e Fetag, porque eles são nossos representantes não só no setor da agricultura, mas na agricultura familiar principalmente”, destacou Sandra Meneguzzo.