• Lattualita

    EMPRESAS

    As lições de Jorge Gerdau para o sucesso, longevidade e competividade das organizações

    Um dos acionistas controladores da Gerdau, maior produtora brasileira de aço, Jorge Gerdau foi o palestrante convidado da reunião-almoço da CIC Caxias do Sul, nesta segunda-feira (4). Empresário falou sobre o tema “Valores e propósito de um líder transformador”

    2 anos atrás

A RA (Reunião-Almoço) da CIC Caxias do Sul desta segunda-feira, dia 4 de julho, teve como palestrante convidado o presidente do Conselho Superior do Movimento Brasil Competitivo, o empresário Jorge Gerdau Johannpeter, de 85 anos. Atualmente no Grupo de Controle da Gerdau e um dos acionistas controladores da empresa – a maior produtora brasileira de aço, fornecedora das indústrias de São Marcos -, ele falou sobre o tema “Valores e propósito de um líder transformador”.

Jorge Gerdau Johannpeter exerceu os cargos de CEO e presidente do Conselho do Grupo Gerdau, é presidente emérito do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP) e membro das Academias Internacional e Brasileira da Qualidade. Nas áreas da cultura, sociedade e educação, preside o Conselho da Fundação Iberê Camargo e o Conselho Consultivo da Junior Achievement Brasil, além de ser integrante do Conselho da Parceiros Voluntários e do Conselho de Fundadores do movimento Todos pela Educação, que presidiu durante 10 anos.

Durante a RA CIC desta segunda-feira (4), Jorge Gerdau compartilhou passagens de sua experiência à frente da quarta geração da Gerdau, que está prestes a completar 121 anos. Conforme destacou, sentia “enorme satisfação em palestrar na cidade, porque, indiscutivelmente, Caxias é a capital do trabalho e do empresariado da Serra”.

‘3 pontos-chave básicos que orientaram a nossa vida e nosso trabalho: valores, ética e cultura’

Jorge Gerdau, de 85 anos, é da quarta geração da empresa familiar Gerdau

O empresário expôs a sua visão sobre diferentes temas, mas enfatizou a importância de pontos que considera básicos tanto na vida pessoal como empresarial, que são valores, ética e cultura. “Como a Gerdau é uma empresa de cultura familiar, que é o que caracteriza a maioria das empresas, que sempre têm um núcleo familiar básico, eu colocaria que são 3 pontos-chave básicos que orientaram a nossa vida e nosso trabalho e continuam guiando de uma forma ou outra. A Gerdau está fazendo 121 anos. Eu comecei a trabalhar aos 14 anos varrendo a fábrica, comecei com carteira assinada aos 16. Fiz curso técnico em contabilidade, depois fiz universidade. Eu era da quarta geração, hoje a liderança está com a quinta geração e já estamos trabalhando também na sexta geração. O que caracteriza todo esse processo, no fundo, são aspectos e padrões de comportamento da família. Temos valores, ética e cultura. Essas 3 palavras simbolizam o processo que orienta a nossa afinidade, a nossa existência. O segredo está em praticar os valores. Isso é uma responsabilidade da liderança de cada um na empresa. Quando nós fizemos 100 anos na Gerdau, nós visitamos todas as nossas unidades, e eu cheguei à conclusão de que não se chega a 100 anos sem ética e sem valores. São pontos muito importantes. E a cultura se conjuga com os valores e passa por respeito e ética em todos os níveis”, assinalou Jorge Gerdau.

‘Os grandes desafios não são individuais, são de mobilização de equipe’

O empresário também revelou três frentes que considera importantes para o sucesso de qualquer empresa ou atividade: felicidade de todos os stakeholders (colaboradores), sustentabilidade econômica, social e ambiental e competência técnica, humana e conceitual. “Estes três conceitos, no meu entender, são a essência de como tenho que me posicionar na liderança e na condução de uma empresa. Não pode ter stakeholder insatisfeito, ele estraga o resto também. Os grandes desafios não são individuais, são de mobilização de equipe”, observou Gerdau.

Ele também falou sobre o que considerou ser uma “paranoia” pessoal com a busca da excelência como padrão global. “A paranoia de buscar excelência em padrão mundial, internacional, estudar bem como é que faz. Eu fui educado nessa filosofia, principalmente pelo meu pai. E fora do negócio eu ainda busco excelência nas outras atividades que eu faço. Tenho uma criação de cavalos e consegui levar 4 cavalos para as Olimpíadas, os quais 2 conquistaram medalha de bronze”, exemplificou Gerdau.

A importância do benchmarking (processo de estudo de concorrência, podendo ser uma análise profunda das melhores práticas usadas por empresas de um mesmo setor que o seu e que podem ser replicadas no seu empreendimento) para o aumento da produtividade guiado sempre pela busca de padrões de excelência global também foi destacado pelo empresário.

‘No mundo de hoje já não basta a educação convencional, ele exige patamares superiores’

Durante a palestra, Jorge Gerdau também frisou a relação entre competitividade e Custo Brasil. “Desafio a erguer a mão aqui quem sabe qual é o valor atual?”, perguntou. Sem obter nenhuma resposta, ele destacou a cifra de R$ 1,5 trilhão, o equivalente a 22% do PIB nacional. Ele, porém, foi enfático ao afirmar que melhorar a educação básica no país é, certamente, um dos desafios mais importantes a serem superados. Chamou a situação de “irresponsabilidade coletiva, e que é cada vez maior a relação entre educação, desigualdade social e crescimento econômico”. “O maior desafio que temos é no campo da educação. No mundo de hoje já não basta a educação convencional, ele exige patamares superiores. Se eu quero construir o desenvolvimento, eu só consigo com educação e capacitação”, apontou Gerdau. O empresário defendeu a utilização de práticas de gestão e acompanhamento de resultados para fazer evoluir a qualidade do ensino. “É preciso exigir mais para ter resultados melhores”, assinalou.

‘O sucesso das empresas está exatamente no nível em que a gestão, a direção, a governança entende o Core Business’

Jorge Gerdau também destacou aos empresários presentes na RA da CIC Caxias do Sul a importância do tomador de decisão conhecer o Core Business (negócio principal) da empresa onde trabalha. “O sucesso das empresas está exatamente no nível em que a gestão, a direção, a governança entende o Core Business. Todas as habilidades complementares, sejam financeiras, recursos humanos, logística, governança, tudo são apenas meios para fazer melhor o Core Business. Se você pega as 50 principais empresas de capital aberto no mercado, quantos membros vocês acham que tem no conselho dessas empresas que conhecem o Core Business?”, questionou o empresário.

‘Se eu tiver que escolher uma palavra importante em qualquer tipo de atividade é respeito’

Gerdau também salientou a importância do respeito entre patrão e funcionário, observando que, no Sul, por uma questão cultural, o funcionário é chamado de colaborador. “Tinha um presidente de uma empresa estatal que compramos (em outro Estado) e quando eu fui falar com ele que na nossa cultura nós tínhamos o conceito de colaborador, ele disse ‘essa palavra aqui não existe, aqui empregado é empregado’. Então aqui no Sul nós temos essa cultura muito forte do colaborador, que se caracteriza e entra no conceito dos valores. Se eu tiver que escolher uma palavra importante, na minha convicção, em qualquer tipo de atividade é respeito. Tem que saber respeitar para cima e para baixo. O respeito até o menor trabalhador constrói uma relação de trabalho absolutamente diferenciada.  A amizade e o respeito aos stakeholders”, frisou o empresário.

‘Uma lenda da indústria gaúcha’

(E-D): vice-presidente de Serviços da CIC Caxias, Eduardo Michelin; presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro; e empresário Jorge Gerdau na reunião-almoço da entidade nesta segunda-feira (4)

O empresário são-marquense Eduardo Michelin, vice-presidente de Serviços da CIC Caxias do Sul, comentou sobre as lições compartilhadas pelo empresário Jorge Gerdau na RA CIC desta segunda-feira (4). “Orgulho e alegria de ter entre nós a pessoa e os ensinamentos de Jorge Gerdau, uma lenda da indústria gaúcha, a frente de uma das mais longevas e respeitadas marcas do Estado e do Brasil”, destacou Michelin.

O presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, elogiou a trajetória de Jorge Gerdau e mencionou que o empresário é um exemplo e inspiração, principalmente por atuar em prol de causas consideradas da maior importância para o desenvolvimento do Estado e do Brasil. “Graças à sua persistência, podemos dizer que muitas empresas de Caxias do Sul e da região hoje se encontram em posição privilegiada no país e no mundo”, disse Loro, fazendo referência à atuação de Gerdau nos movimentos pela qualidade total junto ao Programa Gaúcha da Qualidade e Produtividade (PGQP) e Movimento Brasil Competitivo (MBC), entre outros.