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Projeto de ventilador pulmonar desenvolvido na UCS recebe aporte da Petrobras
Coordenado pelo TecnoUCS, o projeto de um ventilador pulmonar mecânico de baixo custo foi selecionado pela Petrobras e receberá aporte de R$ 100 mil para ampliar e acelerar a escala de fabricação. Aparelho ainda está em fase de testes para se adequar às exigências da Anvisa
4 anos atrás
Cada respirador tem custo de R$ 20 mil para ser produzido (foto: TecnoUCS/divulgação)
O TecnoUCS, Parque de Ciência, Tecnologia e Inovação da Universidade de Caxias do Sul, desenvolveu um projeto de ventilador pulmonar mecânico de baixo custo, com o objetivo de ampliar a disponibilidade do equipamento e reduzir os custos diante da pandemia do Covid-19. O projeto local, denominado Frank 5010, foi um dos quatro escolhidos em todo o País em uma seleção pública promovida pela Petrobras em parceria com o Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Bicombustíveis (IBP), e receberá aporte de R$ 100 mil.
O anúncio foi feito nesta segunda-feira, dia 23 de junho, mesmo dia em que se iniciou uma sequência de testes, que estarão em execução até esta sexta-feira (25) no Instituto Eldorado, em Campinas (SP). A intenção é atestar a segurança eletromagnética do modelo. Em paralelo, uma série de especificações solicitadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também estão sendo providenciadas pelos professores e engenheiros envolvidos no projeto, visando à obtenção de registro para produção em série do equipamento.
Custo de produção do respirador é de R$ 20 mil
O custo estimado de produção do Frank 5010 é de R$ 20 mil por unidade. A meta é fabricar e distribuir ao menos 300 unidades gratuitamente para a rede de Saúde. O aporte concedido pela Petrobras irá garantir uma parte desta produção. Esta iniciativa da companhia e do IBP deve injetar R$ 1,4 milhão em projetos para acelerar a fabricação de ventiladores pulmonares, aparelhos escassos no mercado nacional e importantes no tratamento de pacientes graves com Covid-19.
O desenvolvimento técnico do respirador mecânico reúne 12 empresários das áreas de engenharia mecânica, eletrônica, pneumática e mecatrônica, da metalurgia, usinagem de alta precisão e tecnologia da informação. Cerca de 30 outras empresas e pessoas físicas contribuíram para o andamento do projeto. A coordenação é de professores ligados ao TecnoUCS, com orientação técnica da direção clínica do Hospital Geral.
Grupo trabalha para obter registro na Anvisa para produção em série
A documentação com especificações sobre o modelo desenvolvido pelo TecnoUCS foi enviada à Anvisa no final do mês de maio, contudo, uma série de especificações foi requerida pelo órgão, em virtude da normatização que rege equipamentos hospitalares. Todas as exigências vêm sendo providenciada pela equipe de trabalho. A preparação dos laudos para o atendimento desses requisitos da Anvisa envolve a continuidade de diversos testes clínicos e de engenharia iniciados ainda em abril. Os testes do equipamento no Hospital Geral, já executados em pacientes humanos, terão continuidade com a verificação em pessoas acometidas pelo coronavírus, conforme ensaio aprovado pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep).
Já no Instituto Eldorado, um dos principais centros de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) do país, sediado em Campinas (SP), estão sendo realizados ensaios de compatibilidade eletromagnética. A intenção é constatar se o Frank 5010 sofre ou provoca interferências eletromagnéticas no ambiente – medição necessária em virtude do funcionamento em UTI, simultâneo com vários outros aparelhos. A tramitação de um projeto original, como o Frank 5010, levaria até dois anos conforme a regulamentação da agência, processo que vem sendo acelerado em virtude da pandemia do coronavírus.
Até o fim desta semana deverão ser concluídas as avaliações e elaborados os laudos para serem encaminhados à Anvisa. O Frank 5010 se baseia em um modelo anterior aos atuais ventiladores mecânicos informatizados, diversas funções hoje constantes na normatização não podem ser cumpridas, o que deve ser explicado no material técnico ao mesmo tempo que se comprove a boa performance do equipamento no atendimento de urgência e emergência.