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    PLANTãO POLICIAL

    Prisão de envolvidos no homicídio de homem de 33 anos em São Marcos: ‘conseguimos mapear toda a rota deles’

    Delegado da Polícia Civil de São Marcos detalha investigação que resultou na prisão de 4 pessoas na última terça-feira (22), 13 dias após homicídio. Câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas foram decisivos

    3 anos atrás

Nesta terça-feira, dia 22 de março, a Polícia Civil de São Marcos prendeu 4 pessoas envolvidas no homicídio de Jonatas da Silva Rodrigues, 33 anos, morto a tiros no último dia 9. A vítima foi atingida inicialmente em sua residência, na Rua Osvaldo Aranha e conseguiu fugir correndo em direção à Avenida Venâncio Aires, mas foi seguida por uma moto e alvejada novamente na Rua Augusto Catafesta, vindo a falecer no Hospital São João Bosco. Após um trabalho de investigação que durou menos de duas semanas, a Polícia Civil de São Marcos cumpriu, na terça-feira (22), os mandados de prisão preventiva de dois homens de 18 anos, um homem de 32 anos e uma mulher de 20 anos. As buscas pelos indivíduos duraram cerca de 6 horas e as prisões foram realizadas nos bairros Michelon, São José e Henrique Pante.

Entrevistado pelo L’Attualità, o delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Felipe Keller, revela os detalhes da investigação que levou à prisão dos envolvidos 13 dias após o crime. Conforme relata, algumas diligências foram realizadas pela Polícia Civil de São Marcos ainda na noite de 9 de março, quando ocorreu o homicídio. “Apesar da ocorrência ser atendida por Caxias do Sul, acabamos indo até o local ainda naquela noite e fazendo alguns levantamentos, que foram importantes para a investigação. E aí começamos a investigar tudo o que aconteceu com a vítima, com relação à vida dela, para ver o que podia ter motivado esse crime”, narra Rafael Keller.

‘Chegou para nós a informação de que não havia só a moto e que um carro tinha passado junto com ela um pouco antes, próximo do local’

De acordo com o delegado, os depoimentos de moradores do local em que Jonatas Rodrigues residia apontaram a presença de um veículo Monza, além da moto utilizada pelos autores dos disparos. “Em razão de receio, de ter medo de falar com a polícia, as pessoas não contavam muita coisa, mas chegou para nós a informação de que não havia só a moto e que um carro tinha passado junto com ela um pouco antes, próximo do local. Com imagens de câmeras de segurança, conseguimos localizar qual era o carro. Como eles queimaram a moto (encontrada no distrito de Criúva na manhã seguinte ao crime, no dia 10 de março), eles tinham que ter algum meio para voltar, então pensamos ‘só pode ser o carro’. E aí pegamos as imagens da estrada que vai para Criúva e conseguimos identificar o carro e a moto”, detalha Rafael Keller.

‘Por ser um Monza de cor cinza, um modelo que não tem muitos aqui na cidade, conseguimos mapear quem poderia ser o proprietário’

Conforme conta, houve uma maior facilidade de chegar ao proprietário do veículo devido ao modelo do mesmo. “Por ser um Monza de cor cinza, um modelo que não tem muitos aqui na cidade (São Marcos), conseguimos mapear quem poderia ser o proprietário desse veículo. E, como tínhamos a informação de que seriam pessoas envolvidas com o tráfico de drogas, conseguimos limitar mais ainda a busca pelo proprietário desse Monza. Quando conseguimos falar com ele (homem de 32 anos), ele confessou que a participação dele no crime era buscar os indivíduos onde queimariam a moto”, revela o delegado. Segundo Rafael Keller, o homem não forneceu mais informações durante o inquérito. “Ele não quis dizer mais nada, quis responder só pelo crime de buscar o pessoal e não pela execução. Mas, pelo o que a gente apurou, ele também ajudou a atear fogo na moto. E na casa dele conseguimos apreender o galão que foi usado para levar gasolina até o local, na Criúva”, informa o delegado.

‘Não temos certeza de que era só o carona da moto que estava armado’

Conforme acrescenta Keller, a Polícia Civil de São Marcos também conseguiu averiguar que, dentro do veículo Monza, além do homem de 32 anos, estava a mulher de 20 anos, companheira dele, e um menor de 17 anos. “Aí faltava os dois indivíduos que estavam na moto, que seriam os autores dos disparos. Com base nas investigações, em conversa com as pessoas, conseguimos chegar a um dos responsáveis, de 18 anos. Esse também confessou a participação dele, mas disse que a sua função seria apenas dirigir a moto e que ele não seria o responsável pelos disparos. Mas não temos essa certeza. O que apuramos é que eles estavam usando um revólver e não uma pistola, mas um revólver daria 6 tiros e as testemunhas relataram que ouviram mais de 8 disparos, então não condiz só com uma arma. Não temos essa certeza de que era só o carona da moto que estava armado”, assinala Rafael Keller.

Conforme observa o delegado, neste ponto da investigação, restava apenas descobrir quem seria o indivíduo que estava na carona da moto e que, segundo o condutor da mesma, teria disparado sozinho os tiros contra a vítima. “Esse outro indivíduo, também de 18 anos, até ficou um tempo fora da cidade depois que a gente conseguiu apurar tudo, mas conseguimos prender ele também na terça-feira (22)”, ressalta Keller.

Imagens de câmeras de segurança foram decisivas na investigação: ‘conseguimos mapear toda a rota deles, desde a saída da residência até o cometimento do crime’

O delegado da Polícia Civil de São Marcos destaca que toda a ação das 5 pessoas envolvidas no homicídio de Jonatas da Silva Rodrigues, no dia 9 de março, pôde ser documentada no inquérito. “Nas imagens que conseguimos do posto em que eles foram buscar a gasolina para incendiar a moto, pegamos eles enchendo o galão. Eles pegaram o combustível no posto ARB, em razão de que, pelo horário, era o único que estava aberto. Nessas imagens também pudemos ver o veículo Monza chegando, e o motorista descendo. Também conseguimos documentar uma imagem próxima ao local de onde eles teriam partido para cometer o crime, no bairro Michelon. Nessa imagem vemos os 5 indivíduos saindo de uma residência, 3 no carro e 2 na moto, e depois voltando, os 5 dentro do veículo. Essas imagens foram decisivas na investigação, porque conseguimos mapear toda a rota deles, desde a saída da residência até o cometimento do crime”, relata Rafael Keller.

Além do auxílio de câmeras de segurança, Keller ressalta que os horários de cada ação do grupo também puderam ser estabelecidos graças às informações de testemunhas. “Uma das testemunhas chegou a relatar que os disparos foram ao final do primeiro tempo do Grenal (no dia 9 de março) e isso nos ajudou muito a achar as imagens corretas das câmeras na hora certa”, frisa Keller.

‘A vítima estaria em tese vendendo drogas para outros indivíduos, não estes que foram responsáveis pela execução’

O delegado informa que a investigação concluiu que a motivação do crime foi o envolvimento da vítima com o tráfico de drogas, contudo, ela não estaria vendendo para os executores do crime. “A vítima estaria em tese vendendo drogas para outros indivíduos, não estes que foram responsáveis pela execução. Esta foi a motivação que conseguimos apurar. Entre os presos, alguns têm passagem pela polícia, por posse de drogas. O homem de 32 anos e a mulher de 20 anos são um casal e os outros três são amigos, todos naturais de São Marcos”, detalha Rafael Keller.

‘Acredito que na semana que vem já consigamos remeter o inquérito e dar início à ação penal’

Conforme ressalta Keller, em virtude da investigação da Polícia Civil de São Marcos ter reunido muita documentação e demonstração da autoria e materialidade do crime, foi possível conseguir a prisão preventiva dos indivíduos. “Pedimos ao Poder Judiciário os mandados de prisão preventiva no dia 17 de março e aguardamos que fossem remetidos até o dia 22. Essa prisão não tem prazo. Eles ficam presos até que o Poder Judiciário decida que eles possam responder em liberdade. Como a gente fez a prisão na terça (22), temos 30 dias para fechar o inquérito, mas já estamos em dias de finalizar. Acredito que na semana que vem já consigamos remeter esse inquérito e dar início a ação penal”, informa Keller.

Menor de idade responderá processo por ato infracional: ‘pode ficar até 3 anos recolhido em estabelecimento adequado’

Em relação ao menor de idade, de 17 anos, envolvido no crime, Keller explica que ele responderá por um processo de ato infracional. “É como se fosse um crime de homicídio, mas é um ato infracional tendo em vista que ele é menor. Ele foi buscar gasolina no posto, para incendiar a moto, e foi junto no veículo buscar os autores dos disparos. Além de também ser responsável por atear fogo na motocicleta. Ele pode ficar até 3 anos recolhido em estabelecimento adequado, mas não vai junto com os outros para o presídio”, pontua Rafael Keller.