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    Volnei Ampessan - volneiampessan@gmail.com

    Os rebeldes e a ideologia

    Leia artigo do contador são-marquense Volnei Ampessan

    3 anos atrás

Auxiliando minha filha nos estudos sobre a Revolução Francesa, pude recordar e traçar um paralelo com a atualidade, já que dela surgiu o conceito de direita (Girondinos) e esquerda (Jacobinos). O processo revolucionário dos Jacobinos veio da necessidade de um movimento radical, buscando que alguns direitos básicos da população fossem atendidos. O curioso é que quando os Jacobinos conseguem tomar o poder dos Girondinos, eles resolvem decapitar cerca de 30.000 pessoas, adversários ou mesmo quem não se manifestava. E assim se seguiu a alternância de poder baseada em ideologias como conhecemos até hoje em todo o mundo. Para haver um consenso, seria necessário que todos os lados cedessem um pouco, mas a natureza humana em geral é baseada na competição, uma espécie de torcida, a rebeldia.

Na minha adolescência, fui um rebelde ao estilo “se hay gobierno, soy contra”. Sempre questionando as “coisas em geral”, com aquela vontade de ir contra o sistema, seja ele qual fosse. Qual era meu embasamento teórico e prático? Nenhum, só tinha ouvido falar que seguir determinada linha era legal. O tempo foi passando, as experiências de vida foram se acumulando e juntamente com a vontade de escutar e procurar entender o outro lado, tudo foi ficando cada vez mais claro e descobri que poderia estar equivocado em meus conceitos.

“Escute os mais velhos”, nos dizem. Nem sempre resolve, mas é sábio tentar, pois ali o rebelde já vai encontrar uma coisa que não se tem o suficiente: experiência de vida. Os rebeldes acham que sabem tudo, que têm sempre razão, que o mundo lhe deve explicações 24 horas por dia e que os culpados de tudo são sempre os “outros”. Mas quem seriam os outros?

A passagem do tempo vai nos mostrando no amor ou na dor o quão pouco sabemos sobre a vida e sobre o mundo. A alienação e doutrinação ideológica a qual somos submetidos sem perceber, sempre fez parte do nosso cotidiano. Com o advento das redes sociais, a informação se tornou instantânea e foi democratizada, sendo possível qualquer pessoa ter acesso amplo aos mais diversos temas, se assim desejar.

A tendência natural é cedermos sempre para o mesmo lado que a massa está indo, sem questionamentos. Aí que entra em campo sua experiência de vida, suas leituras, pesquisas, sua observação criteriosa dos fatos para aceitar ou não essas informações.

Como um mundo sem ideologias ainda não é possível, mais do que idolatrar pessoas é preciso conhecer a fundo a ideologia que elas defendem. Em que você de fato acredita? Qual seu propósito de vida? Para onde determinadas escolhas vão lhe conduzir?

A rebeldia talvez seja o impulso necessário para mudanças importantes no mundo, mas chega uma hora em que é necessário parar e refletir, tomar suas próprias decisões e parar de culpar sempre “os outros” por tudo, humanos com qualidades e defeitos como você.