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GERAL
O desafio de inovar para sustentar o planeta
Paletra de reunião-jantar da CIC São Marcos com diretor da Sicredi Serrana nesta segunda-feira (4) tratou sobre água, alimentos, energia e mobilidade para a sustentatibilidade do planeta
2 anos atrás
Nesta segunda-feira, dia 4 de julho, a reunião-jantar da CIC São Marcos – realizada no Salão de Festas da Associação dos Motoristas São-Marquenses (AMSM), a partir das 19h30 – contou com a palestra do diretor executivo da Sicredi Serrana Marcos Antonio Citolin. Formado em Administração de Empresas pela UCS, ele possui especializações em Gestão Estratégica de Pessoas e Negócios pela FGV, Pós MBA em Gestão de Cooperativas de Crédito pela FIA e especialização em Gestão Avançada pela AMANA KEY e ISE Business School em SP. Também possui especializações internacionais na HEC Montréal in Management of Financial Services Cooperatives (Montreal – Canadá) e no Sistema de Crédito Cooperativo da Alemanha (Montabaur – Alemanha). Marcos Antonio iniciou sua atividade profissional na Sicredi Serrana RS/ES há 24 anos.
‘O Brasil tem condições de ser líder enquanto produção de alimento’
Com o tema “Um olhar para o futuro: água, alimentos, energia e mobilidade”, o palestrante destacou que o Brasil é um país que possui estes elementos em abundância. “Quando se fala em água, temos em abundância, mas sentimos a escassez pela má distribuição dela. Quando se fala em alimento, qual é o grande país no mundo que tem a condição de continuar ampliando a sua capacidade produtiva de alimentos? E quando se olha pra fora, se entende também um pouco porque acontece a guerra entre Rússia e Ucrânia. Será que são só questões políticas ou também tem a questão de quem será o maior produtor de trigo do mundo? Quem será o maior produtor de milho do mundo? O que está em discussão por trás de uma disputa de guerra? Quem domina a cadeia do alimento. E o Brasil tem condições de ser líder enquanto produção de alimento”, assinalou Marcos Antonio Citolin.
‘Nossa logística hoje tem um formato desenhado, mas daqui a 10 ou 15 anos nós vamos ficar competitivos?’
Conforme acrescentou, o país também tem fontes ricas de energia. “Nós temos rios em abundância, hidrelétricas, mas também temos sol em abundância, vento em abundância, então temos várias outras alternativas para gerar energia limpa e de mais baixo custo. Nossa logística hoje tem um formato desenhado, mas daqui a 10 ou 15 anos nós vamos ficar competitivos? Estamos pensando ainda se vamos conseguir competir. A gente vive num país onde o custo está cada vez mais elevado, a inflação subiu, o preço da matéria prima também, dos combustíveis. Isso vai gerando impacto. Acreditamos que retrocederá um pouco, mas não aos patamares anteriores, porque se define um novo patamar. A partir disso, os investimentos passam a ser mais viáveis a médio e longo prazo, para transformar a cadeia logística”, observou Marcos Antonio.
De acordo com o diretor executivo da Sicredi Serrana, a cooperativa de crédito já segue o movimento de investir na produção de energia limpa, produção e preservação de nascentes, entre outras ações. “Estamos cada vez mais buscando agregar valor a sociedade. Temos que prestar atenção nesse movimento, que vai até 2030, e isso tende a tomar cada vez mais corpo e relevância. A pandemia nos ampliou a consciência sobre outros aspectos e esse é um dos aspectos”, assinalou Marcos Antonio Citolin.
‘Nós temos escassez de água potável para consumo’
Falando especificamente sobre a água, o palestrante salientou que as estiagens estão cada vez mais constantes. “São Marcos também sofreu nesse último período. Nós temos escassez de água potável para consumo. Algumas cidades da nossa região, como Farroupilha, tiveram dificuldade com as bacias de abastecimento. A escassez da água também influencia na produção de alimentos. Então como utilizar de uma forma responsável para gerar e produzir cada vez mais alimentos?”, questionou Marcos Antonio.
‘Em Israel, metade da água consumida é dessalinização e reaproveitamento do esgoto’
Conforme exemplificou, Israel é um dos países que investiram no reaproveitamento da água para combater a escassez. “Num país que não tem água, uma das primeiras coisas a se fazer é definir como driblar a escassez. Em Israel, metade da água consumida é dessalinização (processo que envolve a remoção do sal da água do mar e sua filtragem para produzir água potável de qualidade) e reaproveitamento do esgoto. Conforme dados de 2019, 85% do esgoto de Israel é captado, tratado e vai para a irrigação das plantas frutíferas, como abacate e banana, que produzem alimento para a população. De toda água produzida, que não é consumida, eles ainda usam 40% de água doce natural e 25% de água dessanilizada, que é misturada com a água natural, para consumo humano. Mas quanto custa dessanilizar um metro cúbico de água? 60 centavos. E foi a forma que eles encontraram de ter água para todo pais. Além de reutilizar uma água que já foi explorada, devolvendo para o meio ambiente de forma limpa, eles ainda produzem a irrigação de todas as frutíferas”, pontuou Marcos Antonio Citolin.
São Marcos: ‘Se nós desativarmos os poços artesianos da cidade, a represa municipal, hoje, não daria conta’
Ao final da palestra de Marcos Antonio Citolin, foi dada a oportunidade aos presentes de expressarem as suas opiniões sobre os temas abordados. O ex-vereador Fábio Medeiros comentou sobre a preocupação em relação ao abastecimento de água em São Marcos. “A nossa água é captada do Rio Ranchinho, que fica na divisa com Caxias do Sul, e nenhum dos dois lados está sendo controlado. Nós não temos uma bacia de preservação dessas águas. Tem o Rio Redondo lá em cima que também poderá ser aproveitado. Então é necessário pensar no futuro, inclusive numa outra represa para o município, porque, se nós desativarmos os poços artesianos da cidade, a represa municipal, hoje, não daria conta. O poder público, junto com os empresários, tem que pensar nessa mobilidade, nesse problema em relação a água, em toda a estrutura do município. E também na questão de energia, porque vamos enfrentar logo ali na frente problemas relacionados com energia”, comentou Fábio.
Após a colocação do ex-vereador, o palestrante Marcos Antonio Citolin destacou a importância de se tomar medidas pensando no futuro. “Essa consciência lá fora (outros países) já chegou, porque já se tem uma escassez muito grande de água. Mas se a gente pensar agora para os próximos 10, 20, 30 anos, talvez a gente não precise chegar a esse cenário. Lá fora sempre que tem a possibilidade de se armazenar água, eles armazenam”, exemplificou Citolin.