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    Nuvem de gafanhotos: ‘Emater RS está a postos para colaborar com vigilância agropecuária’

    Até quarta-feira, 24 de junho, ventos favoreciam a chegada dos gafanhotos ao Rio Grande do Sul, mas frente fria mudou o rumo dos insetos e nuvem deve permanecer na Argentina

    4 anos atrás

    Presidente Geraldo Sandri e gerente técnico adjunto da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries

Uma nuvem de gafanhotos se formou no Paraguai e atravessou várias regiões da Argentina rumo à fronteira do Brasil com o Uruguai. Fenômeno incomum, a infestação massiva desses insetos é uma ameaça às lavouras e pastagens que são a paisagem predominante no trajeto percorrido pelo bando, em distâncias de até 150 quilômetros por dia, desde a semana passada. As autoridades brasileiras estão se mobilizando para combater a praga com agrotóxicos pulverizados no solo e estudando também a possibilidade de empregar uma frota com mais de 400 aviões. Segundo informações da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, até às 15h30 de quarta-feira, 24 de junho, os ventos favoreciam a chegada dos insetos no Rio Grande do Sul. Contudo, com o avanço da frente fria, a chuva mudou o rumo dos gafanhotos e a nuvem deve permanecer na Argentina.

Com as condições climáticas desfavoráveis, a possibilidade da entrada da nuvem de gafanhotos no território gaúcho é pequena. Atraídos pelo clima seco e quente, acredita-se que os insetos não devem se deslocar com o frio que atingiu o Estado a partir desta quinta-feira (25). Os gafanhotos estariam passando a mais de 100km da fronteira com o RS, na altura de Uruguaiana/Quaraí. Para derivarem para o Estado, uma série de condições relacionadas ao clima como velocidade e direção dos ventos, ausência de chuvas e manutenção de temperaturas elevadas deveriam se associar para que isso acontecesse, o que não parece muito provável nesse momento. Contudo, o presidente da Emater RS/Ascar, são-marquense Geraldo Sandri, garante ao L’Attualità que a entidade “está a postos para contribuir com a SEAPDR (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural) e o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), entidades responsáveis pela vigilância agropecuária, utilizando de sua capilaridade para auxiliar no monitoramento dessa praga, avaliação de danos e orientação aos produtores”.

‘Nós temos um inverno que está retardando para chegar, o que deu oportunidade para que a geração desse inseto sucedesse mais prolongadamente no outono’

Frente fria mudou o rumo dos gafanhotos e a nuvem deve permanecer na Argentina

Conforme detalhou Geraldo, nesta quarta-feira (24), a Emater RS realizou reuniões com o Ministério e a Secretaria da Agricultura e escritórios regionais da Emater mais próximos da fronteira com a Argentina para discutir o assunto, sendo assessorados pelo entomologista (cientista que estuda os insetos) Jerson Guedes, professor da Universidade Federal de Santa Maria. O gerente técnico adjunto da Emater/RS-Ascar, Jaime Ries, explica ao L’Attualità que a demora da chegada do frio tornou o Estado mais vulnerável à nuvem de gafanhotos. “Isso é uma coisa relativamente recorrente no Paraguai e na Argentina, então não é algo excepcional para eles, mas desta vez houve uma possibilidade maior dos insetos adentrarem o Rio Grande do Sul do que em outras vezes. Provavelmente em função do clima, porque nós temos um inverno que está retardando para chegar. Os insetos são bastante controlados por funções climáticas e esse ano, retardando a entrada do frio, deu oportunidade para que a geração desse inseto sucedesse mais prolongadamente no outono”, aponta o técnico.

‘Se nesse momento os gafanhotos entrassem no Rio Grande do Sul, o dano que eles poderiam causar seria sobre pastagem e campo nativo’

De acordo com Jaime, há pelo menos 5 décadas não há registros de manifestação de gafanhotos no Brasil. “Faz mais de 50 anos que não se tem notícias disso, era mais comum na época dos nossos pais, avós. O gafanhoto se alimenta do que tiver pela frente, então, nesse momento, se ele entrasse no Rio Grande do Sul, o dano que ele poderia causar seria sobre pastagem e campo nativo, eventualmente sobre alguma outra plantação, alguma outra cultura. Se chegar na época do milho ele vai se alimentar do milho, ou na época da soja, enfim, é um animal que se alimenta de um conjunto muito grande de vegetais”, detalha Jaime, salientando que a Argentina possui um sistema de monitoramento da praga, o Senasa (Serviço Nacional de Saúde e Qualidade Agroalimentar). “É um sistema muito importante de monitoramento, para essa e outras pragas, com um conjunto de procedimentos operacionais do que fazer quando isso acontece, como controlar os insetos. É um controle químico, um produto para esse fim específico, que tem que ser pulverizado. O controle é basicamente feito numa fase da vida do inseto em que ele ainda não está voando, depois ele tem uma fase que chamam de ‘ninfa’, que ele está no solo, e ainda tem um desenvolvimento de asas para ele voar”, revela Jaime Ries.

‘Se a nuvem de gafanhotos vier para o Estado, vamos nos preparar para enfrentar’

O presidente da Emater RS, Geraldo Sandri, ressalta que, conforme especialistas, a tendência é que a nuvem de gafanhotos deixe de existir devido ao clima frio. “Choveu, esfriou, o gafanhoto praticamente não se reproduz mais e, por conta disso, vai se acabando aos poucos. Mas se tiver necessidade, haverá um controle químico que vai ser feito lá na Argentina e, se vier pra cá, o próprio secretário estadual da Agricultura, Covatti Filho, já falou que, em conjunto com o Ministério e Secretaria da Agricultura e Emater, a gente vai se preparar aqui pra enfrentar a praga que nem uma guerra. Estaremos aí prontos para enfrentar os gafanhotos”, assinala Geraldo Sandri.