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    Número de óbitos por covid-19 aumenta em janeiro em São Marcos

    Daiane Alves, representante do COE de São Marcos, ressalta que número de novos casos tem se mantido estável, porém, se comparado com alta incidência de óbitos e internações no município, pode indicar subnotificação

    4 anos atrás

Até este dia 3 de fevereiro, São Marcos totalizava 1.332 casos positivos de covid-19. 48 casos são ativos, sendo que 39 estão em isolamento domiciliar e 9 hospitalizados (1 em UTI). Há 27 casos ainda em análise. Até o momento, o município já registrou 15 óbitos causados pela doença. O primeiro foi registrado no mês de agosto e, o mais recente, no último dia 31 de janeiro. O mês de janeiro é o segundo com maior registro de mortes por coronavírus (quatro registros) em São Marcos, atrás apenas do mês de novembro, quando foram registrados cinco óbitos. “Do 10º óbito pro 11º deu um mês de diferença. Em janeiro subiu novamente, e foram muito rápidos os óbitos e em intervalos pequenos (dia 5, dia 18, dia 28 e dia 31)”, informa a coordenadora da Vigilância Ambiental em Saúde e responsável pela coleta de dados epidemiológicos e análises de dados do COE de São Marcos (Centro de Operações de Emergência), Daiane Alves.

Ela ressalta, ainda, uma mudança no padrão de idade de pessoas que perderam a vida para o coronavírus mais recentemente no município. “Olhando só a tabela dos óbitos, os últimos cinco todos tinham de 60 a 65 anos, se mostra um perfil diferente do que vinha se apresentando no começo da pandemia. Nossos óbitos eram de 79, 80 anos, idades mais avançadas. Além do falecimento de uma mulher de 89 anos, no dia 31, a vítima mais velha em São Marcos, estamos percebendo agora que os óbitos tem de 57 anos a no máximo 65, isso chama atenção”, observa Daiane Alves, destacando que a quantidade de óbitos deveria ser menor conforme o avanço dos estudos. “Hoje temos medicações que dentro do âmbito hospitalar têm uma resolutividade muito alta, se conhece melhor a doença. Com certeza hoje morrem muito menos pessoas do que morriam lá no começo da pandemia”, pondera. Ela informa que o número de novos casos vem se mantendo estável em São Marcos, com cerca de 8 a 10 casos por dia.

Daiane Alves: ‘me parece que temos muita subnotificação’

Daiane Alves, coordenadora da Vigilância Ambiental em Saúde e responsável pela coleta de dados do COE de São Marcos, analisa outro fator importante para interpretar a atual situação da pandemia no município, que possui 1.332 casos positivos da doença. A profissional observa que, de acordo com os parâmetros nacionais da pandemia, há um número muito alto de internações e mortes em São Marcos diante do número de positivados. Para que as estatísticas estivessem de acordo com a média nacional, os óbitos e internações deveriam ser menores, ou então o número de casos positivos deveria ser maior. “O que chama atenção é o número de notificações de casos positivos em relação ao número de internados em leito normal. Me parece que estamos com bastante subnotificação, porque não faz muito sentido ter tantas pessoas internadas em estado grave, sabendo que 85% dos casos existentes são casos leves, que vão ficar em casa, se tratando em casa, e 15% vão ser os que precisam de leito de enfermaria e cuidados especiais. Se a gente fizer uma relação inversa, somar os 15% que estão internados, nós teríamos muito mais pessoas com covid circulando do que realmente o número que temos notificado, devido ao número de óbitos ser muito alto para o número de confirmados em São Marcos”, detalha Daiane.

Ela supõe que São Marcos possa ter mais casos positivos que não chegaram a ser registrados. “Olhando os dados me parece que temos muita subnotificação, porque nós temos muitos casos de pessoas que os sintomas são muito leves. Deve ter um grande número de pessoas que não procuram atendimento médico e a saúde não consegue rastrear e contabilizar. O número de internados e óbitos mostra que os casos são muito maiores do que a gente pensa”, observa, destacando outro estudo realizado no Estado. “Devemos ter em média de 30 a 40% de subnotificação. Em Pelotas, por exemplo, um estudo fala em oito vezes mais o número do que é notificado. Estamos trabalhando com suposições, porque não fechei os dados. Mas isso faz sentido”, alerta Daiane.

A especialista em saúde pública relata que a maioria dos diagnósticos tem sido feito através de testes PCR, por isso destaca a importância da testagem e da busca pelo atendimento médico. “A maioria dos testes é PCR e antígeno. Isso aponta que conforme a gente diminui os testes diagnósticos, menos a gente tem um dado real, porque o teste rápido só me mostra que a pessoa já passou, ele não serve como diagnóstico e controle da doença”, salienta a representante do COE.

‘Vamos conseguir vacinar nossos idosos, e conseguiremos baixar o número de mortes. É uma grande esperança’

Daiane Alves mantém o alerta para os cuidados também com a evolução da doença no organismo. “A própria doença evolui de forma estranha, evolui rapidamente e é muito instável. Hoje tu monitora a pessoa e ela está bem, amanhã ela já está com quadro de febre e falta de ar e já está com uma saturação muito baixa. Ela é muito instável, sempre pega a gente de surpresa”, detalha. Por isso,  a coordenadora da Vigilância Ambiental em Saúde relata que não há uma estabilidade no número de internações hospitalares por covid-19. “Como pode evoluir muito rápido, é incerto o número de internações, um dia não tem nada, no outro tem vários”, analisa. O que apresenta esperanças positivas para a situação da pandemia no município é a queda no número de mortes por covid-19 no Rio Grande do Sul, sendo o 11º dia consecutivo de redução nas mortes. Além disso, a vacina também promete amenizar o aumento da taxa de contágio. “Vamos conseguir vacinar nossos idosos, e conseguiremos baixar o número de mortes. É uma grande esperança”, declara Daiane Alves.