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    HOMICíDIO

    São-marquense vítima de esquartejamento: ‘investigação segue para apurar envolvimento de outras pessoas’, afirma delegado Rafael Keller

    Até este mês de julho, São Marcos registra dois homicídios em 2021, cujos autores já estão presos. Delegado Rafael Keller avalia que incidência de crimes graves no município está 'dentro do esperado'

    3 anos atrás

    Delegado Rafael Felipe Keller (Foto arquivo pessoal)

Na manhã do último dia 2 de julho, a Polícia Civil de Caxias do Sul, por meio da Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP), prendeu 3 indivíduos, suspeitos de envolvimento na prática de um homicídio consumado seguido de esquartejamento do corpo da vítima – identificada como um jovem são-marquense de 19 anos. Os policiais chegaram até a casa onde aconteceu o assassinato e o esquartejamento ainda em abril. A partir deste local, os investigadores identificaram os suspeitos, que tiveram a prisão decretada pela Justiça.

Em entrevista ao L’Attualità, o delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Felipe Keller, informou que a investigação do crime segue pela Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul. “Eles ainda estão investigando, para apurar o envolvimento de mais pessoas. Toda a investigação está correndo por Caxias do Sul, por isso a Polícia Civil de São Marcos não está passando nenhuma informação, para não atrapalhar a investigação deles. O jovem foi morto em Caxias do Sul, então o homicídio não é registrado em São Marcos”, esclarece o delegado Keller.

São Marcos registra dois homicídios e uma tentativa de homicídio em 2021

O delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Keller, informa que, até este dia 6 de julho, o município registra dois homicídios consumados e uma tentativa de homicídio em 2021. O primeiro homicídio foi registrado em 20 de fevereiro, sendo a vítima Paulo Henrique Rodrigues da Rosa, 22 anos, morto a facadas. “Esse crime foi elucidado e 4 pessoas foram presas. Havia envolvimento com tráfico e houve um desentendimento entre um dos presos e a vítima”, detalha o delegado.

O segundo homicídio registrado em São Marcos neste ano ocorreu em 17 de maio, na Linha Edith. Conforme o delegado, a motivação foi um desentendimento entre a vítima, um homem de 60 anos, e o autor do crime, durante jantar em uma propriedade rural onde ambos estavam trabalhando. “Eles nem se conheciam anteriormente. Estavam trabalhando na lavoura e dormindo numa casa de passagem. A vítima era de Porto Alegre e o autor do homicídio era do Paraná. O crime ocorreu num sábado, foi comunicado à polícia na segunda-feira de manhã, quando foi localizado o corpo e, na segunda-feira à tarde, já tínhamos o autor e o mandado de prisão”, relata o delegado Rafael Keller.

Já a tentativa de homicídio, conforme detalha o delegado, ocorreu em 14 de abril, sendo a vítima um homem de 47 anos, atingido por disparos de arma de fogo, no bairro Polo. “Ele foi atingido aproximadamente por 7 a 10 disparos de arma de fogo e sobreviveu. A motivação foi envolvimento do tráfico, mas não da vítima, porque na verdade ele foi confundido com outra pessoa”, revela Rafael Keller.

‘Nós temos feito um trabalho de combate ao tráfico de drogas e isso acaba impactando em todos os crimes’

O delegado da Polícia Civil de São Marcos avalia que a incidência de crimes graves no município está “dentro do esperado”. “Claro que um crime ou outro acaba acontecendo, mas são fatos isolados, normalmente por envolvimento com tráfico de drogas. Então, pela qualificação da cidade nesses crimes violentos, acaba sendo uma cidade segura. A pandemia influencia um pouco nos índices criminais, mas nesses crimes mais violentos e tráfico de drogas eu acredito que não tenha tanta influência. Nós temos feito um trabalho de combate ao tráfico de drogas e isso acaba impactando em todos os crimes”, assinala o delegado Rafael Keller.

Caso de esquartejamento: ordem de crime teria sido dada de dentro da cadeia

As três prisões dos suspeitos do esquartejamento de jovem são-marquense aconteceram no Centro e no bairro Planalto, em Caxias do Sul. Os investigados prestaram depoimento e, segundo o delegado da DPHPP de Caxias do Sul, Caio Márcio Fernandes, “colaboraram contextualizando os fatos” já apurados pelo trabalho policial. Os suspeitos, que não tiveram a identidade divulgada, têm entre 21 e 31 anos. O quarto investigado não foi ouvido pois já estava recolhido na Penitenciária Estadual de Caxias do Sul, no distrito de Apanhador. O detento é apontado, pelos investigadores, como o mandante do esquartejamento, ordem que teria sido dada de dentro da cadeia. Apenas ele possuía antecedentes criminais entre os suspeitos.

O crime, que teria ocorrido no último mês de janeiro, chegou ao conhecimento da equipe policial em razão do desdobramento de diligências de outras investigações. O corpo esquartejado da vítima foi localizado no mês de março, em uma área de mata fechada, minuciosamente embalado em sacos plásticos, que foram acondicionados dentro de três malas de viagem. Durante a investigação de alta complexidade, que contou com o trabalho do Instituto Geral de Perícias (IGP), foi possível identificar a idade da vítima, através de exame de confronto de material genético (DNA) e o local em que ocorreu a execução e o esquartejamento do corpo, com uso de luminol – substância química que torna visível vestígios de sangue. A perícia identificou ainda vestígios de que, antes da execução, o jovem foi torturado.

Desaparecimento da vítima não foi registrado: ‘os parentes acreditavam que ele havia se mudado para a Região Metropolitana’

De acordo com o delegado Fernandes, a grande dificuldade foi chegar até o local do esquartejamento, pois a polícia não possuía sequer a identidade da vítima. “Foi um trabalho demorado e complexo. Sequer havia sido registrado o desaparecimento da vítima. Os parentes acreditavam que ele havia se mudado para a Região Metropolitana para trabalhar lá. Por isso foi de grande valia este apoio do IGP com o exame do DNA e, posteriormente, a comprovação do local do crime”, aponta o delegado responsável pelo caso.

Conforme apurado pela Polícia Civil de Caxias do Sul, o rapaz de 19 anos tinha envolvimento com o tráfico de drogas em São Marcos, sendo integrante da mesma facção criminosa responsável pela execução do crime, cuja motivação foi uma represália à desobediência de ordens da liderança da facção.