Após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar nesta quinta-feira, dia 19 de março, que a droga hidroxicloroquina – usada no tratamento de afecções reumáticas e dermatológicas, Lúpus, condições dermatológicas provocadas ou agravadas pela luz solar e alguns tipos de malária – pode ter eficácia contra o Coronavírus (Covid-19), o medicamento sumiu das farmácias em todo o Brasil. Em São Marcos, a notícia também gerou procura imediata do remédio. Conforme informa a farmacêutica do Hospital São João Bosco, Aline Brochetto, na farmácia do Hospital o estoque de hidroxicloroquina acabou ainda na tarde desta quinta-feira (19). “Não temos mais. Ontem quando recebemos a notícia de que essa droga hidroxicloroquina diminuiu o pico do coronavírus para pessoas que estavam infectadas, logo eu fui na farmácia. Nós tínhamos um estoque de 5 caixas desse medicamento, eu conferi no sistema e há alguns minutos uma cliente já tinha levado tudo. Nós fomos imediatamente na distribuidora e havia 240 caixas disponíveis. A farmácia comprou todas, mas alguns minutos depois veio uma mensagem de que não tinham estoque para nos atender”, revela Aline Brochetto.

Conforme ressalta, a direção do Hospital está empenhada em adquirir a hidroxicloroquina. “Estamos bem esforçados, tentando adquirir mais. Desde às 16h de ontem, até hoje de manhã, eu passei tentando comprar e não estou conseguindo. A notícia que recebemos agora há pouco é que eles vão disponibilizar o remédio para os hospitais, mas ainda não tem maiores informações”, destaca a farmacêutica do HSJB.

São-marquense alerta para venda indiscriminada da hidroxicloroquina: ‘tem que haver uma medida para deixar um pouco do remédio para as pessoas que realmente tomam’

Uma leitora do L’Attualità, que usa de modo contínuo a hidroxicloroquina para tratamento de reumatismo há 3 anos, alerta para a venda indiscriminada do medicamento, que não necessita de receita médica. “Minha mãe estava na farmácia e viu um monte de gente pedindo o remédio, mas não tinha mais. Na Farmácia São João eu soube que já zerou o estoque, e na farmácia do Hospital também, em pouquíssimo tempo. Eu acho que tem que haver uma medida para deixar um pouco do remédio para as pessoas que realmente tomam. Já faz uns 3 anos que eu tomo diariamente, e sabemos que tem gente que vai comprar para deixar na gaveta”, observa.

‘A Anvisa ainda não reconhece o medicamento como sendo útil para o tratamento de Coronavírus’

Preocupada com a reação da população após a notícia de que a hidroxicloroquina supostamente teria eficácia no tratamento contra o novo Coronavírus (Covid-19), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou uma nota alertando sobre os riscos que a automedicação pode causar para a saúde. A nota fala especificamente dos medicamentos que contêm hidroxicloroquina e cloroquina. “Apesar de promissores, não existem estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento da Covid-19. Portanto, não há recomendação da Anvisa, no momento, para a sua utilização em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação pelo novo Coronavírus”, explica a Anvisa.

A farmacêutica Aline Brochetto ressalta que a nota da Anvisa não impede a utilização do medicamento. “A Anvisa não reconhece o medicamento como sendo útil para o tratamento de Coronavírus, mas não impede que seja utilizado. A questão é que ainda não tem comprovação científica de que ele é indicado para o vírus”, explica Aline.