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    CORONAVíRUS

    Hospital São João Bosco recebe R$ 1 milhão de recurso emergencial do governo federal

    São Marcos foi um dos municípios beneficiados com a segunda parcela do repasse emergencial do Ministério da Saúde para santas casas e hospitais filantrópicos. Recurso foi encaminhado no dia 10 de junho. Gestora do Hospital São João Bosco detalha investimentos feitos pela instituição para atendimento durante pandemia

    4 anos atrás

O Hospital Beneficente São João Bosco, de São Marcos, recebeu no último dia 10 de junho, repasse emergencial do governo federal no valor de R$ 1.079.289,48. A segunda parcela foi finalizada na última semana e beneficiou 235 hospitais do Rio Grande do Sul, entre eles o São João Bosco. O valor encaminhado, via Fundo Municipal da Saúde, é destinado exclusivamente para as despesas relacionadas ao Covid-19.

O valor é parte dos R$ 2 bilhões aprovados pela Lei Federal e repassados pelo Ministério da Saúde. Do total, R$ 224 milhões são destinados ao Rio Grande do Sul, divididos em 235 hospitais. A Lei Federal nº 13.995, que dispõe sobre a prestação de auxílio financeiro pela União às santas casas e hospitais filantrópicos, sem fins lucrativos, que participam de forma complementar ao Sistema Único de Saúde (SUS), foi publicada no dia 5 de maio de 2020 e o repasse foi dividido em duas parcelas.

São João Bosco não se enquadrou no repasse da primeira parcela

A primeira parcela, de R$ 49,4 milhões, foi encaminhada no dia 21 de maio a municípios de todos os Estados do Brasil, e beneficiou 108 hospitais do Rio Grande do Sul no mês de maio. Contudo, o Hospital São João Bosco não se enquadrou nos requisitos para receber a primeira parcela. “O Hospital São João Bosco não foi incluído entre os hospitais gaúchos beneficiados com a primeira parcela do repasse emergencial do Ministério da Saúde, em maio, pois não se enquadrou nos dois critérios definidos pelo governo na época: estar situado em município brasileiro que possui presídio e ser avaliado conforme os dados epidemiológicos da doença do Ministério da Saúde”, explica Micheli Luchi, contadora do Hospital São João Bosco.

Agora, a segunda parcela, de R$ 175,4 milhões, foi para 235 hospitais gaúchos, sendo que R$ 82,5 milhões são para 77 hospitais sob gestão municipal (como é o caso do Hospital São João Bosco) e R$ 92,9 milhões para 158 hospitais sob gestão estadual. Somente para a região da Serra gaúcha, foram destinados R$ 30.366.551,86, divididos em 31 hospitais de 28 municípios. As entidades contempladas pelo recurso deverão prestar contas da aplicação dos valores. Os critérios de distribuição desta segunda parcela foram os dados epidemiológicos do avanço da doença, o número de leitos de cada hospital filantrópico que atende por meio do SUS e os valores da produção dos serviços ambulatoriais e hospitalares de média e alta complexidade (MAC) realizados por eles em 2019. Também foram incluídos hospitais que haviam ficado de fora da primeira parcela.

Hospital já investiu R$ 120 mil em EPI’s: ‘Em termos de EPI não existe economia’

O recurso de mais de R$ 1 milhão repassado ao Hospital São João Bosco deve ser aplicado especialmente em ações relacionadas ao coronavírus, como aquisição de medicamentos, insumos, produtos, suprimentos e equipamentos hospitalares para atendimento da população. O valor também pode ser aplicado em pequenas reformas e adaptações físicas no hospital, para aumentar número de leitos de terapia intensiva, por exemplo, e para suprir os gastos em função do protocolo para enfrentar o contágio. O diretor do Hospital São João Bosco, Rogério Soldatelli, relata que durante a pandemia os investimentos do Hospital tiveram acréscimo significativo, principalmente relacionados à compra de EPIs, manutenção de aparelhos de imagem, aumento no consumo de oxigênio e ações de desinfecção.

Diante dos protocolos de segurança e higienização, os profissionais de saúde precisam utilizar mais equipamentos de proteção individual, além de trocá-los e fazer a desinfecção com maior frequência para evitar a propagação do vírus. “No início da pandemia tivemos uma compra muito grande de EPIs e depois fomos repondo. Abastecemos o Hospital com EPI de todos os tipos. Até agora investimos R$ 120 mil, toda semana compramos bastante coisa. Não estamos em época de economia. Em termos de EPI não existe economia, porque médicos, enfermeiros, higienizadores, o pessoal da cozinha, tem que se paramentar com muito equipamento. Ao todo temos 92 funcionários no Hospital. O número de procedimento de desinfecção aumentou bastante por dia, aumentou o fluxo de serviço na lavanderia”, informa o diretor do Hospital São João Bosco, Rogério Soldatelli.

Ele salienta que o uso de paramentação e as diversas ações de desinfecção dos ambientes do Hospital têm garantido a saúde dos profissionais. “Até agora só tivemos uma profissional, filha de um caminhoneiro, que pegou o vírus em casa e passou para uma colega. Afastamos as duas e mais uma que tínha sintoma de síndrome gripal. Mas não tivemos ninguém que foi contaminado dentro do Hospital, no contato com os pacientes”, assinala Rogério. A equipe do Hospital São João Bosco passou por treinamentos de paramentação, seguindo o protocolo do Hospital Moinhos de Vento, e de entubação no Hospital da Unimed, em Caxias do Sul. A compra de EPIs também se baseou nos protocolos de compra do Hospital Moinhos de Vento.

Hospital contratou revisão geral de aparelhos de imagem junto a fabricantes

O Hospital São João Bosco, conforme explica a gestora Aline Brochetto, realiza manutenção preventiva mensalmente nos aparelhos de imagem, mas, diante da pandemia, foi necessário contratar revisão geral de todos os equipamentos junto aos próprios fabricantes. Ela destaca, principalmente, a revisão do equipamento de tomografia, essencial para avaliação da evolução do tratamento de pacientes com Covid-19. “A revisão da tomografia custou R$ 45 mil, para manutenção e troca do tubo, que já havíamos comprado anteriormente. Vieram verificar se o tubo estava para acabar, porque tem um período de vida útil, e, se houvesse problema no meio da pandemia, para arrumar um equipamento como o de tomografia demora 30 dias”, detalha Aline. “Quando começou a pandemia tivemos que chamar, além da empresa que faz manutenção total mensal, a empresa fabricante de cada aparelho”, acrescenta a gestora do Hospital.

‘Estocamos muita medicação para Covid-19 como forma de prevenção’

Entre os investimentos do Hospital São João Bosco durante a pandemia, há também a compra preventiva em medicamentos para tratamento da Covid-19. “Estocamos muita medicação, temos muitos remédios no estoque da Farmácia como forma de prevenção. Tem muitos remédios que a gente não consegue comprar pelo Hospital, então através da Farmácia conseguimos comprar muita medicação”, assinala. Além disso, para execução da campanha de testagem voltada aos caminhoneiros que chegam na cidade, foi necessária a contratação de mais um profissional para o Hospital. “Contratamos mais uma técnica de enfermagem para reforçar a equipe e estamos pagando horas extras. Como tem a ação para caminhoneiros agora, tem que vir duas enfermeiras, porque uma fica no Hospital e outra fica testando”, relata Aline.

‘Se a gente conseguir aguentar até o final de julho acredito que não vai ter superlotação de leitos’

Aline Brochetto, farmacêutica e gestora do Hospital São João Bosco, atua na entidade há 17 anos. De acordo com ela, anualmente, nos meses de junho e julho, há maior número de internações no HSJB, devido às síndromes gripais e respiratórias, por isso avalia que, após esse período, poderá haver maior tranquilidade em relação à pandemia em São Marcos. “É difícil prever um término da pandemia, mas, falando em número de leitos de outros anos, se conseguirmos aguentar até o final de julho, acredito que não vai ter superlotação no hospital”, avalia.

Até o momento, 10 pessoas com Covid-19 ficaram internadas no Hospital São João Bosco

O Hospital destinou 18 leitos exclusivamente para o tratamento de pacientes com Covid-19, mas Aline relata que o espaço no terceiro pavimento ainda não foi utilizado. “Disponibilizamos oito leitos no segundo andar, perto do posto de enfermagem, fizemos uma parte isolada. No terceiro andar caberia mais umas 18 pessoas, mas não foi preciso utilizar ainda”, revela a gestora do HSJB. Até o momento, 10 pessoas positivadas para Covid-19 ficaram internadas no Hospital. Nesta terça-feira (23) não há mais nenhum paciente de coronavírus hospitalizado. Todos os quartos no São João Bosco são equipados com oxigênio e, atualmente, há quatro leitos de UTI com respirador. Mais um respirador deve chegar nos próximos dias, adquirido com apoio da Sicredi Serrana.