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CORONAVíRUS
EMPRESAS
Empresas na pandemia: Academia Olímpia e Expresso São Marcos mudam rotina com foco na segurança de clientes
Protocolos de desinfecção, redução da capacidade, medidas de distanciamento, implementação de novas tecnologias e exigências para usuários fazem parte do novo modelo de trabalho de empresas prestadoras de serviços
4 anos atrás
Academia Olímpia implantou tecnologia UV-C para desinfeção de ambientes (foto: divulgação)
Além das mudanças na rotina individual da população, as empresas também precisaram se adaptar para seguir oferecendo seus serviços durante a pandemia. Para garantir a proteção necessária e fornecer segurança aos seus clientes, novos procedimentos e exigências foram adotados. O L’Attualità buscou entender a realidade que duas empresas são-marquenses estão vivendo neste período e quais adaptações foram necessárias para estes dois tipos de serviços distintos e presentes na vida de grande parcela da população.
Na Olímpia, tecnologia com radiação ultravioleta se tornou nova aliada
Seguindo orientações do Ministério da Saúde e da Associação das Academias do Brasil, a Academia Olímpia, em São Marcos, está atuando há cerca de três meses em um formato bastante diferente do tradicional. Desde o mês de abril, a quantidade de equipamentos disponíveis foi reduzida, o fluxo de pessoas é significativamente menor e o distanciamento entre alunos e professores virou regra. Por ser um ambiente de bastante contato e rodízio intenso entre equipamentos, as medidas de segurança e higienização são mais rígidas. De acordo com o proprietário da Olímpia, Dayan Lazzaretti, foi aplicado investimento de cerca de R$ 10 mil reais para adequar o ambiente ao período de pandemia. “A tecnologia ultravioleta foi o principal investimento. E também investimos em um aparelho elétrico nebulizador. Vai uma solução de quaternário de amônia e peróxido de hidrogênio, utilizamos duas vezes na semana para fazer uma esterilização completa”, informa.
A tecnologia com radiação ultravioleta já é comum em alguns países para esterilização de diversos ambientes. No Brasil, seu uso é mais comum em ambientes hospitalares e, agora, vem sendo implantado em outros setores. Pesquisas mostram que a luz far-UVC é capaz de matar vírus e bactérias sem prejudicar tecidos humanos, desde que aplicada na distância e potência ideais. Atenta às novidades, a Olímpia também adotou esta tecnologia, aliada a outras medidas de desinfecção. “As torres de iluminação UV são utilizadas três vezes por dia. Temos três horários em que fechamos a academia para fazer a esterilização. Das 9h às 10h fechamos para limpeza extra. Depois, das 16h às 17h fechamos mais uma hora para limpeza. Antes fechava a academia as 22h, agora fecha às 21h e esse é o terceiro horário, para limpeza de todas as superfícies manualmente”, detalha Dayan.
Academia tem público reduzido em cerca de 40%
Além das restrições na capacidade de ocupação (academias podem funcionar com 75% da capacidade do PPCI em bandeira vermelha), o medo que circula entre a população afastou naturalmente muitas pessoas dos ambientes de uso comum. De acordo com Dayan, há uma parcela de pessoas que não dispensa a prática de exercícios na academia, já outra parcela não considera o ambiente tão essencial, por isso houve redução significativa no número de clientes em um momento em que o distanciamento social se faz tão necessário. “No começo o público reduziu para 30%. Agora estamos com 40% a 45%. Temos três tipos de clientes, aqueles que não deixam de treinar de jeito nenhum, porque gostam e precisam. Tem gente que está com medo. E tem pessoas que estão mais em cima do muro, observando o que estamos fazendo em relação à segurança”, relata Dayan Lazzaretti, destacando que a academia também é uma forma de manter a saúde em dia e protegida de outros males. “Quem veio para a academia está se sentindo seguro. Ainda tem gente que fica naquele dilema, cuido da minha saúde ou me previno de pegar o vírus? Mas considero nosso ambiente bastante seguro”, salienta.
Aplicativo ajuda manter capacidade do ambiente controlada
A Olímpia já vinha implantando sistema virtual para reserva de aulas coletivas, agora o período de pandemia tornou ainda mais favorável o uso da tecnologia para controlar o fluxo de pessoas. “Antes já estávamos em processos de implantação de um aplicativo para reserva de aulas coletivas. Com 24h de antecedência liberava a vaga e a pessoa podia reservar a aula. Agora temos um sistema de aula em horário cheio. De hora em hora”, explica Dayan Lazzaretti. A capacidade da academia atualmente é para 50 pessoas por horário.
Além destas medidas tecnológicas, a academia adota os procedimentos padrões, de higienização de calçados, álcool gel e aferição de temperatura corporal na entrada, contando com a colaboração de cada usuário, para que façam higienização dos equipamentos após o uso e utilização de toalha para evitar o contato direto. Por isso, o proprietário da Olímpia reforça que a mudança de comportamento dos usuários e colaboradores se torna uma importante forma de controle na propagação do vírus. “Também nos preocupamos em adequar a maneira como os professores atendiam, porque a cultura da empresa sempre foi ter um atendimento próximo, porque às vezes é necessária uma intervenção para corrigir algum movimento do aluno. Isso foi um pouco duro no começo, porque os professores ficaram preocupados em não passar uma imagem de que o atendimento estava sendo despreocupado. Mas foi uma mudança que o momento exigiu”, pontua.
Expresso São Marcos tem frota em rodízio e implantou desinfecção geral
Diferente das academias, o transporte público é configurado como serviço essencial à população. Mesmo assim, a redução de usuários foi significativa também para o Expresso São Marcos, principal empresa que faz a linha São Marcos – Caxias do Sul. Em parte pelo cancelamento das aulas em escolas e universidades e implementação do sistema de home office, a utilização do transporte intermunicipal se reduziu também devido à preferência de muitas pessoas pelo transporte particular no período de pandemia. Porém, para aqueles que têm o transporte coletivo como principal meio, o Expresso São Marcos também tem buscado oferecer a segurança necessária. “Nossa empresa já tinha uma característica muito forte em relação à higienização, sempre teve os índices que o governo cataloga positivos. Antes mesmo da situação começar aqui, começamos nos informar do que teríamos de material e produto para conseguir fazer a limpeza adequada”, relata o diretor do Expresso São Marcos, Fabrício Michelin.
Entre as principais medidas adotadas pela empresa estão a disponibilização de álcool gel na entrada dos ônibus, higienização frequente das superfícies, limpeza de filtros de ar e outras medidas ainda mais intensas. “Eliminamos as cortinas dos ônibus, para o passageiro evitar de se encostar e ficar mais higiênico e também para entrar mais luz solar, porque o calor é uma forma de eliminar o vírus. Fizemos uma lavagem interna pesada, esfregando todos os ônibus com água sanitária, sem exceção. Intensificamos lavagem das cabeceiras, que as pessoas acabam colocando bastante a mão”, cita Fabrício.
Máquinas de vaporização e serviços da Marcopolo ajudam na desinfecção
Fabrício Michelin cita que a empresa realizou investimento superior a R$ 20 mil para garantir a segurança dos usuários. Entre os produtos adquiridos, estão duas máquinas que fazem a liberação do vapor de neblina para esterilização de todo interior dos veículos. “Fizemos higienização com o nebulizador, é uma neblina com quaternário de amônia de 5ª geração. Aqui nos hospitais é o que o pessoal usa. Não é um produto prejudicial à saúde, tem todas as liberações e é super eficaz para eliminar todos esses microrganismos (vírus, bactérias, fungos e ácaros)”, detalha o diretor do Expresso São Marcos. Assim que um ônibus chega à rodoviária, é feita a desinfecção de superfícies com álcool 70% e água sanitária no piso. “Quando entra na garagem daí a limpeza é completa. O vapor de neblina é feito duas vezes por semana nos veículos em operação, é bastante eficaz”, relata Fabrício.
Ele destaca que há frotas totalmente paradas desde o início da pandemia, como as linhas de turismo e algumas do litoral. Os demais veículos que estão em operação funcionam em sistema de rodízio, também como medida de evitar a propagação do vírus. “Estamos com a frota bastante ociosa. Dependendo da superfície, pesquisas dizem que o vírus dura uma quantidade determinada de horas. Então temos rodízio, hoje trabalha alguns veículos, e amanhã não. Em dois dias volta a trabalhar. Então, se tivesse alguma coisa na superfície, o vírus já teria morrido nesse tempo”, exemplifica o diretor da empresa. Além disso, o Expresso São Marcos conta com apoio da Marcopolo, fabricante dos ônibus, no processo de desinfecção dos veículos. “A Marcopolo seguidamente está na rodoviária de Caxias, fazendo desinfecção geral nos veículos que estão ali, nossos e de outras empresas. É semelhante ao serviço que fazemos aqui, mas com outro produto que vem da Espanha”, conta.
‘Estamos nos empenhando muito para tornar a viagem segura’
De acordo com Fabrício Michelin, o Expresso São Marcos funciona atualmente com 60% das linhas que fazem o trajeto São Marcos – Caxias do Sul e registrou queda de 75% dos passageiros. Ele destaca que, com esta redução, é possível manter um distanciamento seguro dentro dos veículos de transporte coletivo. “Temos média de 12 a 15 passageiros, então o distanciamento é automático. Tem pessoas conhecidas que sentam lado a lado e não forçamos que sentem separados, naturalmente as pessoas já fazem distanciamento”, comenta, destacando que a empresa busca assegurar a segurança de seus passageiros principalmente neste período de pandemia. “Da nossa parte o usuário pode viajar tranquilamente, porque estamos nos empenhando muito para tornar a viagem segura. Hoje temos um número pequeno de passageiros, mas todos tem que fazer a sua parte, usar máscara, álcool gel”, pontua Fabrício.