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GERAL
Elos Hub, da CIC São Marcos, promove primeira palestra, com gestor do Instituto Hélice
Em palestras realizadas no último dia 17 de maio, na agência do Sicredi Venâncio Aires e no Auditório Municipal Joaquim Grison, gestor executivo do Instituto Hélice, Thomas Job Antunes, relatou a sua experiência com a criação da associação de empresas com foco na inovação
3 anos atrás
No último dia 17 de maio, o Elos Hub de Inovação, da CIC São Marcos, proporcionou o primeiro evento para os representantes das empresas são-marquenses mantenedoras do projeto: uma palestra com o gestor executivo do Instituto Hélice, Thomas Job Antunes. O evento “Happy Talks: Faço parte de um Hub de inovação, e agora???” foi realizado na sala da agência Sicredi Venâncio Aires, a partir das 18 horas, com o objetivo de estimular as primeiras atividades do Elos Hub através da experiência do Instituto Hélice, de Caxias do Sul, que teve início com as empresas Randon, Marcopolo, Florense e Soprano e hoje é considerado um case de sucesso dos hubs de inovação. A palestra também teve uma versão aberta para todos os associados da CIC São Marcos, no Auditório Municipal Joaquim Grison, a partir das 19 horas. Durante o evento, foram abordados temas como a inovação aberta, Hubs e institutos de inovação.
O palestrante Thomas Job Antunes possui graduação em Administração de Empresas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2008), especialização em Gestão de Projetos pela Escola Superior de Propaganda e Marketing (2011) e Gestão da Inovação pela Unisinos (2016). Tem experiência em planejamento estratégico, gestão de projetos, gestão da inovação, consultoria e capacitação. Como gestor executivo do Instituto Hélice, de Caxias do Sul, desenvolve projetos de aproximação de empreendedores e pesquisadores com empresas de grande porte da região da Serra gaúcha.
‘A gente não imaginava que o instituto fosse tomar uma proporção tão importante na nossa região, de trazer uma mensagem de inovação e colaboração’
Thomas Job Antunes iniciou a palestra destacando o protagonismo conquistado pelo Instituto Hélice na região da Serra. “Quando desenhamos o Hélice, em 2019, a gente não imaginava que o instituto fosse tomar uma proporção tão importante na nossa região, de trazer uma mensagem de inovação e colaboração. E trazer isso para o ambiente de negócios numa região que é conhecida por ser conservadora, tradicional, fechada, é um desafio por natureza”, assinalou Thomas.
‘Estamos num mercado em que o nosso competidor não é o vizinho que enxergamos nas próximas quadras’
Conforme observou o gestor executivo do instituto, a mentalidade de competição é uma forte característica da região. “Em 2018, quando eu vim trabalhar na Marcopolo, uma colega minha comentou que na Serra existe um olhar de competição, a pessoa sempre olha para o seu vizinho. Se o vizinho troca de carro, vai lá e tenta trocar para um carro melhor, para mostrar que também está crescendo na vida. Se tem uma fábrica, vai lá e troca de máquina porque o vizinho também trocou para uma máquina mais atual. Essa mentalidade de competição nos fez crescer de certa forma, porque, se os vizinhos são bons, essa competição é boa, todos crescem. Mas hoje em dia ela já não funciona bem. Porque estamos num mercado em que o nosso competidor não é o vizinho que enxergamos nas próximas quadras, o nosso competidor nós não enxergamos, seja porque está muito distante, na China, Índia, Europa, EUA ou África; ou porque é digital”, salientou Thomas Job Antunes.
O gestor executivo do Instituto Hélice também observou que, em termos de inovação, “o Brasil não é um país que impacta na economia global”. “Então, se ficarmos disputando quem é ‘mais bonito’ com o nosso vizinho, na economia global isso não faz diferença nenhuma. Só conseguimos ser relevantes quando começamos a juntar atributos, juntar cadeias, competências, aí começamos a ter algum protagonismo na nossa especialidade num mercado mais globalizado. Então colaboramos para ser mais rápido, para aparecer no mapa, ser competitivo, como região, como país. É por isso que se justifica um comportamento extremamente colaborativo. É claro que vai ter competição, mas entender onde pode colaborar já é um grande nível de maturidade”, destacou Thomas Job Antunes.
Criação do Instituto Hélice: ‘mudança geracional das empresas e período pós crise foram fatores que contribuíram’
Durante a palestra promovida pelo Elos Hub, o gestor executivo do Instituto Hélice detalhou alguns fatores que contribuíram para a criação da associação sem fins lucrativos, como a mudança geracional dentro das empresas. “Costumamos dizer que a origem do Hélice foram algumas pessoas dentro de empresas que entenderam essa mensagem da colaboração e começaram a pensar ‘por que a gente não faz algumas coisas juntos?’. Mas isso só foi permitido dentro das empresas porque estamos passando por um momento na nossa região, de 2015 a 2025, de mudanças nas gerações. Empresas de 50, 60, 70, e até 100 anos estão num processo de mudança de geração e aí vem uma geração em que essa mentalidade de colaboração é um pouco mais esclarecida, não é mais tão presa nas nossas raízes. Em algumas gerações atrás isso nem seria cogitado”, observou Thomas.
Conforme apontou, outro fator que colaborou para a fundação do Instituto Hélice foi o periodo pós-crise na Serra gaúcha. “De 2015 a 2017 passamos por um período crítico, em que a Serra sofreu demais, teve empresas ícones daqui que faliram. E aí isso bate até na nossa moral e começamos a questionar o que a gente deve fazer para estar mais competitivo, mais atualizado, mais preparado para essas mudanças que estão acontecendo. Então eu coloco esses dois fatores, uma mudança geracional e o período pós crise, que permitiram com que essas mentalidades começassem a se alinhar. E naquele momento as empresas Randon, Marcopolo, Florense e Soprano se colocaram à disposição de experimentar algo novo, de entender o que unia elas na dor, qual era o problema em comum”, relatou Thomas.
‘Entrar num processo colaborativo exige humildade’
Conforme revelou, quatro processos operacionais foram escolhidos para serem discutidos dentro do projeto pelas empresas: logística, marketing, fabricação e RH. “Ninguém estava falando de produto, estava falando de processos, que eram problemas comuns a todos eles, e dentro desses problemas, o objetivo era identificar alguma questão que pudesse ser solucionada com alguma tecnologia advinda de uma startup ou de mais de uma”, explicou Thomas. De acordo com o gestor executivo do Instituto Hélice, através do experimento com as quatro empresas, puderam ser observadas mudanças culturais. “Colocar quatro empresas, que têm seu ego, seu cuidado com a sua marca, sua reputação, para dizerem que têm algum problema já é bem delicado. Na segunda reunião do Hélice, ele quase não existiu mais, porque ninguém queria falar nada. Quem é que vai falar que tem problema de logística? Então isso já foi uma quebra. Entrar num processo colaborativo exige humildade, exige admitir que não sabe de tudo, que tem que aprender com o outro e assumir que não vai resolver ‘tudo dentro de casa’”, ressaltou o palestrante.
‘Trouxemos 15 startups para a região, e 9 delas estão contratadas até hoje’
Conforme salientou, além de expor os seus problemas, o pressuposto da iniciativa era que as empresas não retornassem para as suas próprias equipes em busca de soluções, mas que se buscasse alternativas com startups. “O pressuposto era ‘vamos se conectar com startups’ e isso foi feito. Trouxemos 15 startups para a região, para conhecer elas, e 9 delas estão contratadas até hoje, muitas delas por mais de uma empresa. Mas, no final das contas, se perguntar para qualquer uma das empresas o que elas mais gostaram, o mais legal foi trocar com outras empresas, foi criar um laço de confiança, porque não precisava falar só de logística, dava para falar de sustentabilidade, de logística reversa, de produto, e tinha muito aprendizado e muita oportunidade. Quando a gente executa a colaboração, tem muitos benefícios”, destacou Thomas Job Antunes.
‘Só temos a confiança dos nossos associados porque temos um ritmo de entrega, de coisas acontecendo’
Conforme relatou o gestor executivo do Instituto Hélice, o primeiro experimento entre as empresas aconteceu em 2018, em um formato informal. Contudo, a partir de 2019, o projeto foi ampliado para um formato profissional. “No início de 2019 começamos a estruturar o que viria a ser o Instituto Hélice. Optamos por ser uma associação sem fins lucrativos, com empresas associadas, e acho que aqui em São Marcos a história está sendo parecida (com o Elos Hub de Inovação da CIC São Marcos). Começamos oficialmente em julho de 2019, com 12 empresas. E aí eu saí da Marcopolo e assumi esse papel de gestor. Definimos um orçamento para trabalhar, um cronograma de atividades e serviços, com governança, transparência, relacionamento contínuo e toda uma estrutura que é fundamentada para algo que a gente carrega até hoje, que é a confiança. Só temos a confiança dos nossos associados porque temos um ritmo de entrega, de coisas acontecendo, que tem que ser melhor que ontem e apontar para um amanhã melhor. E assim que seguimos realizando as ações até hoje”, frisou Thomas Job Antunes.
Conforme destacou, um dos principais serviços oferecidos aos associados do Instituto Hélice é a transformação digital. “É a questão de qual é o problema da empresa, para que busquemos uma startup. Mas a gente evoluiu um pouco isso, que chamamos de desafios tecnológicos, porque nem sempre é uma startup a solução. Basicamente o primeiro passo é definir qual é o desafio de uma empresa que uma tecnologia que não está dentro desta empresa pode vir a contribuir”, pontuou o gestor executivo do Instituto Hélice.