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PLANTãO POLICIAL
Depois da Corsan, agora esquema de desvio na RGE: ‘A situação é muito maior do que imaginamos’
De acordo com delegado da Polícia Civil, Rafael Keller, 5 pessoas estão envolvidas no “braço” de organização criminosa que atua em São Marcos e Criúva, sendo que duas foram presas nestes dias 30 e 31 de março
3 anos atrás
Delegado Rafael Felipe Keller (Foto arquivo pessoal)
Depois das investigações envolvendo denúncia de desvio e revenda indevida de materiais da Corsan de São Marcos em 2021, caso que ganhou repercussão na imprensa regional e estadual, culminando com o afastamento do gerente da Companhia em São Marcos e cuja investigação segue acontecendo na Polícia Civil de São Marcos, um novo esquema de desvio de equipamentos, desta vez na agência local da RGE, com instalação de redes elétricas clandestinas, tornou-se foco da Polícia Civil do município, resultando na prisão de duas pessoas na semana passada.
Em ações realizadas nos dias 30 e 31 de março, quarta e quinta-feira, em São Marcos e Caxias do Sul, foram presas duas pessoas acusadas por, entre outros crimes, receptação qualificada, furto qualificado, posse de arma de uso restrito, corrupção ativa e organização criminosa. “Um dos indivíduos presos era morador do distrito de Criúva e atuava em São Marcos, onde foi preso. O outro é de Caxias do Sul e foi preso lá”, detalha o delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Felipe Keller. Conforme destaca, os presos foram encaminhados para o presídio do Apanhador e cabe ao Poder Judiciário decidir se responderão em liberdade ou se ficarão presos preventivamente até o fim do processo.
Prejuízo estimado pela RGE ultrapassa R$ 1 milhão
Durante as ações realizadas pela Polícia Civil de São Marcos, foram apreendidas mais de 15 toneladas de materiais furtados, entre cabos, transformadores, maquinário, ferramentas, EPIs, medidores de energia, postes, uniformes da concessionária RGE e de outras empresas terceirizadas, arma de fogo com numeração raspada, mais de R$ 10 mil em espécie, 27 munições de calibre 38, bem como aparelhos eletrônicos em geral. O prejuízo estimado pela RGE ultrapassa o montante de R$ 1 milhão, tendo em vista a quantidade de bens apreendidos.
‘Verificamos que tinha um transformador furtado instalado numa propriedade do interior’
A investigação realizada em ação conjunta da Segurança Corporativa da RGE, com apoio de Vinícius Marczak, e da delegacia de Polícia Civil de São Marcos, seguirá com o objetivo de identificação e eventual prisão dos demais envolvidos na organização criminosa. Em entrevista à reportagem do L’Attualità, o delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Keller, detalha que a investigação teve início há cerca de 20 dias. “Chegou para nós, através da Segurança Corporativa da RGE, que estariam furtando transformadores e equipamentos da RGE na cidade e fazendo instalação de redes clandestinas, principalmente no interior de São Marcos. Aí, fazendo diligências investigativas, fomos até alguns locais e verificamos que tinha um transformador furtado instalado numa propriedade do interior”, relata Keller.
De acordo com o delegado, a informação inicial era de que a ação estaria ocorrendo apenas em São Marcos e alguns locais do distrito de Criúva, contudo, as investigações levaram até o “braço” da organização criminosa em Caxias do Sul. “A maior parte dos materiais apreendidos foi em Caxias do Sul. Mas quem fez a apreensão foi apenas a delegacia de São Marcos, com equipe de 5 pessoas, e mais 4 pessoas da RGE, 2 da Segurança Corporativa e mais outros 2 que faziam a verificação de energia e outras situações. Como a nossa primeira prisão foi em São Marcos e tudo iniciou com a investigação aqui, ela continua correndo por São Marcos. A polícia de Caxias do Sul está ciente”, detalha Rafael Keller.
‘A situação é muito maior do que imaginamos, vai ter muito mais envolvidos’
O delegado da Polícia Civil de São Marcos revela que a suspeita é de que 5 pessoas estejam envolvidas no “braço” da organização criminosa que atua em São Marcos e Criúva. “Estes 2 indivíduos presos na última semana eram técnicos em elétrica, faziam o intermédio para negociar o serviço da RGE e também a venda de transformadores e postes. Mas acreditamos que há o envolvimento de pelo menos mais 3 pessoas. Nós conseguimos entender como funciona a divisão do serviço, então eles precisariam de mais essas pessoas para fazer isso. Mas ainda não temos identificação de quem seria ou onde residem. Na verdade, pelo o que a gente apurou, a situação é muito maior do que imaginamos, vai ter muitos mais envolvidos, até pelo fato de que eles conseguem lacres da RGE, roupas, então acreditamos que tem muito mais gente por trás disso. Mas, por enquanto, conseguimos investigar esse ‘braço’ dessa organização que atua em São Marcos e Criúva, que seriam 5 pessoas”, assinala Rafael Keller.
Conforme informa, a investigação seguirá sendo realizada internamente pela Polícia Civil de São Marcos, que pedirá apoio da Polícia Civil de Caxias do Sul quando for necessário. “Em eventuais cumprimentos de mandado e outras situações que a gente precise de apoio, vamos solicitar. Mas esses atos investigativos preferimos fazer tudo internamente, até para que consigamos manter a linha de pensamento e todo mundo tenha a mesma ideia do que está sendo descoberto”, explica o delegado.
‘Um dos indivíduos presos está envolvido há pelo menos 5 anos nessa situação de desvios de materiais da RGE’
Conforme Keller, não há definição do tempo de atuação da organização criminosa no esquema de instalação de redes elétricas clandestinas. “Não conseguimos precisar o tempo, mas, verificamos que um dos indivíduos presos na última semana, está envolvido há pelo menos 5 anos nessa situação de desvios de materiais da RGE. Mas não significa que a ação se limita a 5 anos, pode até passar desse período”, observa Keller. Conforme revela, a Polícia Civil acredita que a organização criminosa tenha o apoio de alguém de dentro da agência da RGE. “Com certeza eles têm esse apoio de lá de dentro. Mas ainda não temos a informação de quem seria ou quantos seriam. Tudo isso vamos tentar buscar e documentar, até para responsabilizar esses indivíduos que também cometeram um ato criminoso. Talvez sejam até os líderes destes que estavam na rua fazendo esse serviço e foram presos”, aponta Rafael Keller.