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    Chuva desta quinta-feira (2) não recupera nível da represa de São Marcos

    Gerente da Corsan de São Marcos mantém alerta para economia de água e informa que falta de chuvas no município é a maior em 30 anos: 'Essa chuva de ontem não resolveu praticamente nada'

    4 anos atrás

    Bacia de captação no Rio Ranchinho tem nível abaixo da média (foto: divulgação Corsan)

O Rio Grande do Sul está passando por um longo período de estiagem. Há cerca de quatro meses as chuvas têm sido insuficientes para manter o nível normal das represas. Em São Marcos não é diferente, na represa da Linha São Luís o nível está mais baixo que o normal. O que também tem agravado a situação é o isolamento da população em suas casas. Como forma de prevenção ao Covid-19, além de muitas pessoas permanecerem em suas casas, foram ampliadas as recomendações de higiene, o que aumenta o consumo de água. Se não houver economia, nem chuvas, o nível da represa do município pode entrar no “vermelho”. De acordo com o gerente da Corsan de São Marcos, André Viana, a primeira chuva desta semana, na quinta-feira (2), ainda não foi suficiente para reduzir a preocupação em São Marcos. “Essa chuva de ontem não resolveu praticamente nada, deu um pequeno alento para nossa captação. Tem previsão de novas chuvas, mas são esparsas. Pode chover, mas se não chover diretamente na bacia de captação do Rio Ranchinho não adianta muito. A captação da barragem é muito pequena, mesmo chovendo em cima da barragem se aproveita muito pouco”, explica Viana.

‘Um período como esse em São Marcos aconteceu a última vez em 1988. Lá foi feito racionamento, faltou água e a população era bem menor’

De acordo com o Centro de Previsões do Tempo e Estudos Climáticos (Cptec), não há previsão de novas chuvas na região nos próximos dias. Viana ressalta que a previsão de retomada deve se dar a partir da segunda quinzena de abril. Ele informa, ainda, que a situação para São Marcos ainda não é emergencial, mas que a economia de água é uma medida bastante importante neste momento. “Ainda temos um nível de segurança de água na barragem, só que ao findar de um período de quatro meses de estiagem, que é o que estamos vivendo, é normal que o nível esteja extremamente baixo. Todo ano tem estiagem, mas um período como esse em São Marcos aconteceu a última vez em 1988. Lá foi feito racionamento, faltou água e a população era bem menor”, alerta André Viana, destacando que a economia é a única forma de reduzir as consequências do período de estiagem. “Temos que bater mais forte nesse ponto, porque já está findando esse período de estiagem e vamos conseguir escapar dessa. Mas temos que economizar por mais alguns dias”, enfatiza.

Bacia de captação está sem transbordo após quatro meses de estiagem (foto: divugalção Corsan)
Bacia de captação do Ranchinho está sem transbordo após quatro meses de estiagem (foto: divugalção Corsan)

Trabalhos realizados em 2019 garantiram segurança para a população neste ano

O gerente da Corsan de São Marcos, André Viana, ressalta que a falta de chuvas ainda é preocupante para São Marcos. Ele informa que os trabalhos realizados em 2019 pela equipe foram fundamentais para suprir o período de estiagem. “Ao longo do ano passado todo trabalhamos para que, caso houvesse o que houve agora, tivéssemos como superar. Se fosse em outras situações já teria faltado água e já estaríamos em racionamento. Não estamos à beira de um racionamento ainda, mas estamos tomando essas atitudes para que não se chegue a isso”, garante.

Ele destaca que entre as ações desenvolvidas no ano passado se destaca a troca de cerca de 4 mil hidrômetros de residências. Os aparelhos estavam defasados e não realizavam mais a contagem da forma correta. “Tinha hidrômetros com 8 a 10 anos de uso, que ficam sub medindo ou nem mediam mais. A partir do momento que fomos lá trocar o hidrômetro na casa do usuário e colocou um que realmente mede o que está passando de água, chegaram contas de R$ 1.800, R$ 2.500”, relata,  informando que, dessa forma, famílias consumiam mais água do que estavam pagando, deixando de fazer economia do recurso. “Eram pessoas que molhavam a horta, enchiam piscina, deixavam a torneira aberta, lavavam calçada todo dia. Usavam um horror de água porque não se pagava”, relata.

Substituição de motores no Ranchinho aumentou abastecimento para a represa

Outra medida adotada em 2019 foi uma substituição na bacia de captação do Rio Ranchinho, o que garantiu que ainda houvesse água na barragem de São Luís após quatro meses de estiagem. “Redimensionamos os motores do Ranchinho, porque antes eles trabalhavam 8 horas por dia, mandando 20 litros por segundo. Hoje, tendo água, são 30 litros por segundo e 24 horas por dia. Isso triplicou a capacidade de recalque de água do Ranchinho para a barragem. Se isso não tivesse sido feito não teríamos mais água agora”, detalha.

André informa, ainda, que a Corsan adquiriu novo equipamento para o combate a vazamentos na rede de abastecimento. “Eu estava com um equipamento emprestado, que custa R$ 7 mil, é uma haste de pesquisa de vazamento, agora conseguimos adquirir um nosso, para que seja feito esse monitoramento diariamente”, informa. Ele explica que o equipamento identifica locais onde há vazamentos invisíveis, ou seja, localizados entre a rede e o hidrômetro individual de cada residência, por isso não são contabilizados no relógio. “Vamos passando em toda a cidade, em todos os quadros onde vão os hidrômetros, um por um, para saber se tem vazamento externo. Ano passado tiramos cerca de 300 desses vazamentos. Muitos deles vazavam talvez há mais de 10 anos”, observa.

Contas de água de março foram calculadas pela média de consumo

Em razão das medidas de prevenção ao Covid-19, adotadas em todo o país, não foram realizadas as leituras dos hidrômetros por parte dos agentes, para que se evitasse o contágio deles e da população. Sendo assim, as leituras da Corsan referentes ao mês de março foram calculadas de acordo com média de consumo dos últimos 12 meses. “Como não estamos fazendo a leitura, ela vai ser por média. Mas não vai isentar as pessoas de pagar”, reforça o gerente da Corsan de São Marcos, André Viana.

As faturas seguirão sendo encaminhadas via Correios, mas também é possível obter a segunda via através do site www.corsan.com.br, pelo telefone 0800 646 6444 ou, ainda, pelo aplicativo da Corsan para smartphone. O usuário também pode solicitar ao seu banco de preferência o débito em conta da fatura, para que não precise se deslocar para efetuar o pagamento.