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SAúDE
VACINAçãO CONTRA A GRIPE
Vacinação da gripe e do sarampo em São Marcos têm baixa adesão: ‘abre a possibilidade de doenças já controladas retornarem’
Campanhas de imunização da gripe e do sarampo encerram dia 3 de junho. Secretaria Municipal da Saúde imunizou apenas 50% do público-alvo da gripe, sendo a meta 90%, e 26,43% contra sarampo, cuja meta é 95%
2 anos atrás
A Secretaria Municipal da Saúde de São Marcos está realizando três campanhas de vacinação em paralelo, imunizando a comunidade contra a gripe (Influenza), sarampo e covid-19. De acordo com a enfermeira da Vigilância Epidemiológica de São Marcos, Bruna Gonçalves, a baixa cobertura vacinal do grupo prioritário da vacina contra a gripe é preocupante. “É algo que está nos preocupando de uma forma bastante considerável, porque estamos quase finalizando o período de campanha e atingimos em torno de 50% do público-alvo, sendo que a meta é 90%. Temos 1.543 pessoas para vacinar. O grupo que mais procurou a vacinação foram os professores e o grupo que mais requer atenção, devido à baixa cobertura e o aumento de casos de síndromes gripais, são as crianças de 6 meses a menores de 5 anos”, destaca Bruna Gonçalves.
Conforme revela a enfermeira, a média de vacinação da campanha da gripe em São Marcos sempre foi alta, inclusive no primeiro ano da pandemia da covid-19. “Em 2020, foi quase 100% do público prioritário imunizado. Mas nos anos anteriores, geralmente, a gente atendia, pelo menos, 90% do público em geral. Nesses 2 últimos anos, por ‘n’ motivos, começou a diminuir. Em 2021 atingimos só 58,36% da meta”, revela Bruna. Conforme dados da Secretaria Estadual da Saúde, em 2015 a campanha de vacinação da gripe em São Marcos atingiu 80,72% do público alvo; em 2016, 91,53%; em 2017, 92,3%; em 2018, 90,04%; em 2019, 93,05%; em 2020, 98,50%; e, em 2021, 58,36%.
‘Algumas pessoas confundem, acham que a vacina da covid pode proteger da gripe, mas não, são doenças diferentes que exigem vacinas diferentes’
Conforme ressalta Bruna, a vacina contra a covid-19 não imuniza também contra a Influenza. “Algumas pessoas confundem, acham que a vacina da covid pode proteger da gripe, mas não, são doenças diferentes que exigem vacinas diferentes. E a vacina da Influenza precisa ser atualizada anualmente, por conta da mutação que ocorre, das cepas do vírus, então é importante que seja feita a vacina anualmente”, assinala Bruna.
‘No momento em que os pais trazem as crianças para fazer a vacina da gripe, já é oportunizado fazer a dose extra de sarampo’
Conforme salienta, a baixa cobertura vacinal em São Marcos também pode ser observada na imunização contra o sarampo. Segundo detalha Bruna, apenas 26,43% das crianças de 6 meses a menores de 5 anos foram vacinadas, sendo que a meta de vacinação para este público é de 95%. “Sabemos que o sarampo é uma doença que está atingindo o Brasil há alguns anos, é grave, contagiosa e pode levar à morte, e a prevenção é por meio da vacina, mas estamos com essa taxa de vacinação baixa. No momento em que os pais trazem as crianças para fazer a vacina da gripe, já é oportunizado fazer a dose extra de sarampo, que é composta por sarampo, rubéola e caxumba. Mesmo que alguns já estejam com o cartão de vacinação de tríplice viral em dia, devem fazer essa dose extra, para que possamos atingir aquelas crianças que, porventura, não responderam às doses da vacina de rotina. Assim reduzimos a porcentagem de crianças não vacinadas e também o risco de circulação do vírus do sarampo”, aponta Bruna Gonçalves.
‘É um momento bastante crítico em relação à imunização em São Marcos’
Conforme observa Bruna Gonçalves, as discussões em torno da validade da vacina contra a covid-19 podem ter impactado nas vacinações de rotina, como da gripe e do sarampo. “Toda essa questão pandêmica, o medo de ir ao posto de saúde vacinar e acabar se contaminando, e também os movimentos anti-vacina da covid-19 podem ter impactado nas vacinas de rotina, que estão sendo disponibilizadas pelo SUS há 30 anos e hoje estão com coberturas menores. Isso faz com que se abra a possibilidade de doenças já controladas retornarem, como, por exemplo, a poliomielite e o sarampo. É um momento bastante crítico em relação à imunização em São Marcos”, avalia Bruna Gonçalves.
Grupos prioritários das vacinas contra gripe e sarampo: ‘são públicos que comprovadamente têm maior risco de complicações caso peguem essas doenças’
Conforme informa, as campanhas de vacinação contra a Influenza e contra o sarampo em São Marcos vão até o próximo dia 3 de junho, contudo, há possibilidade de as mesmas serem estendidas em virtude da baixa cobertura vacinal. “Para que os municípios lancem estratégias diferentes para tentar atingir esses públicos que são prioritários. E se eles são prioritários é porque têm mais chance de agravamentos; de internações hospitalares; e de necessidade de leitos de UTI, que, por si só, nesse período de inverno, já registram aumento de ocupação. São públicos que comprovadamente têm maior risco de complicações caso peguem essas doenças”, alerta a enfermeira da Vigilância Epidemiológica de São Marcos.
‘É necessária essa imunização para reduzir a sobrecarga do serviço de saúde’
Bruna Gonçalves alerta também para a importância da vacinação como forma de evitar a sobrecarga dos serviços hospitalares e de atenção primária à saúde do município. “A vacina da gripe é muito estudada, estamos na 24ª campanha, é uma vacina segura e que têm pouquíssimos eventos adversos. Então acho que não é hora de relaxarmos nesse sentido de imunização. A campanha da Influenza é necessária sim. Esse aumento de síndromes gripais no inverno faz com que os serviços não somente hospitalares, mas também os de atenção primária, tenham sobrecarga, tanto de oferta de medicações quanto de acesso a consultas, procedimentos e leitos. Então é necessária essa imunização para reduzir a sobrecarga do serviço de saúde”, reforça Bruna Gonçalves.