-
PLANTãO POLICIAL
Aumento de casos de abigeato em São Marcos: ‘carne sem procedência apreendida nesta terça-feira (15) pode estar vinculada’
100 quilos de carnes de diversas espécies de animais foram apreendidos em mercado de São Marcos nesta terça-feira (15). Delegado da Polícia Civil Rafael Keller alerta estabelecimentos sobre importância da compra com fornecedores legalizados
3 anos atrás
Na manhã desta terça-feira, dia 15 de fevereiro, a Polícia Civil de São Marcos prendeu, em flagrante, o proprietário de um supermercado no bairro Francisco Doncatto, pelos crimes de posse de arma de fogo e comercialização de carnes sem procedência. Foram apreendidos uma arma de fogo calibre .38 e cerca de 100 quilos de carnes de diversas espécies de animais, as quais não tinham procedência ou estavam vencidas há longo prazo. A ação contou com o apoio da Inspetoria de Defesa Agropecuária e da Vigilância Sanitária de São Marcos. O homem preso, de 54 anos, não possui antecedentes criminais e foi encaminhado ao Presídio Estadual, onde permanece à disposição da Justiça.
4 casos de furto de gado registrados no interior de São Marcos em 2022
Em entrevista ao L’Attualità na tarde desta terça-feira (15), o delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Felipe Keller, revelou que foi cumprido o mandado de busca e apreensão no estabelecimento comercial após investigações para apurar crimes de abate ilegal, comércio ilegal e furto de animais em São Marcos. “Estamos investigando essa questão de abigeato (furto de gado) no interior de São Marcos, que tem ocorrido com uma certa frequência. Temos tido diversas ocorrências no interior, sem um local específico. Inclusive, ontem à noite, parece que houve um furto de 3 bois no interior, na região de Vila Seca, que seria já pertencente a Caxias do Sul, e a pessoa virá fazer o registro da ocorrência hoje (15)”, comenta Keller.
Conforme salienta, já são cerca de 4 casos de abigeato registrados em 2022 no município. “Aumentou em relação ao ano passado, porque era uma situação que não estava acontecendo tanto e, quando ocorria, era esporádico. Foi justamente nessa investigação, com relação ao abigeato, que conseguimos verificar, após denúncias anônimas e por meio de diligências, que esse estabelecimento no Francisco Doncatto era um dos possíveis receptores dessa mercadoria furtada”, relata Rafael Keller.
‘As carnes estavam totalmente impróprias para consumo’
Segundo o delegado, vítimas relataram à Polícia Civil de São Marcos, com informações de terceiros, que o mercado estaria recebendo carne furtada. “Então fizemos algumas diligências investigativas para apurar as denúncias e conseguimos um mandado de busca, que cumprimos hoje pela manhã. E encontramos bastante carne sem procedência. As carnes não estavam à disposição do cliente para pegar, mas estavam no estabelecimento, inclusive com etiqueta, com peso e preço, o que indica a revenda do produto”, aponta Keller, destacando que as carnes estavam impróprias para consumo. “Nesta ação tivemos o apoio da Vigilância Sanitária do município e também do Estado, e os dois órgãos relataram que as carnes estavam totalmente impróprias para consumo humano”, revela Keller. Conforme informa, os produtos perecíveis foram totalmente destinados à uma ONG, onde serão revertidos para consumo animal.
De acordo com o delegado Rafael Keller, a Polícia Civil de São Marcos ainda investigará se a carne apreendida pode estar vinculada a algum dos casos de abigeato registrados em 2022. “Mas só pelo fato de o dono do mercado ter essa carne sem procedência e sem documentação nenhuma, já configura um crime, que tem uma pena de 2 a 5 anos. Só por isso ele já foi preso. E, além da carne, ele também tinha uma arma de fogo com numeração raspada, que também é um crime que tem pena de 3 a 6 anos”, acrescenta Rafael Keller.
‘É importante esse tipo de ação, até para os demais mercados e estabelecimentos comerciais irem atrás realmente dos fornecedores corretos’
Na última semana, no dia 9 de fevereiro, a Polícia Civil de São Marcos também cumpriu mandado de busca e apreensão em estabelecimento comercial localizado no centro da cidade, desmantelando a prática de comércio ilegal de armas de fogo no local. Após a prisão desta terça-feira (15), também por comercialização ilegal, desta vez de carnes sem procedência, o delegado Rafael Keller alerta para a necessidade dos pequenos empreendedores legalizarem as suas atividades em São Marcos. “Como essas pessoas estavam agindo fora da lei, a nossa função é realmente reprimir e orientar que façam a regularização. No caso de hoje, uma carne sem procedência pode vir até a causar uma morte. Não temos como saber de onde veio essa carne, qual é a origem, como é que ela foi tratada. Por isso é importante esse tipo de ação, até para que os demais mercados e estabelecimentos comerciais se liguem nessa questão e busquem fornecedores corretos e papelada correta, para que consigam agir dentro da lei e evitar que condutas como essa da Polícia Civil tenham que ser tomadas”, ressalta Rafael Keller.
‘Muitos crimes acabam ocorrendo com o apoio dessas pessoas’
O delegado também observa que a prática de atividades irregulares contribui para a fomentação de crimes. “Muitos crimes acabam ocorrendo com o apoio dessas pessoas, que, muitas vezes, não são de famílias criminosas, não são pessoas ligadas à nenhuma organização criminosa ou à vida do crime, mas que, de alguma forma, acabam infringindo a lei e aí fomentam outros crimes. Como por exemplo, esse estabelecimento comercial que adquiriu a carne sem procedência”, aponta Keller.
Roubo de gado: ‘Eles não furtam para consumir, furtam pelo dinheiro que vão receber e porque já têm onde entregar’
Conforme destaca, as investigações da Polícia Civil de São Marcos já constataram que o furto de gado não ocorre para consumo próprio. “Eles não furtam para consumir, para fazer um churrasco, eles furtam pelo dinheiro que eles vão receber e porque já têm onde entregar. É o mesmo que ocorre com carros furtados, o carro só vem a ser furtado porque já há um local para ser entregue. Por isso fica o alerta: às vezes, com essa ideia de economizar um pouco no preço da carne, por exemplo, o comerciante pode acabar tendo uma complicação muito maior com a Justiça. Tem coisas que não adianta economizar, porque o barato sai caro para a pessoa e para a sociedade”, pontua Rafael Keller.