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    Manifestações de caminhoneiros no dia 7 de setembro: ‘alguma coisa vai ter, mas não como na greve de 2018’

    Manifestações de caminhoneiros estão previstas para acontecer no próximo dia 7 de setembro, mas movimentos do setor apontam que intenção não é iniciar uma greve. Para caminhoneiro e transportador são-marquenses cenário é de incerteza

    3 anos atrás

    Em 2018, transportadores são-marquenses aderiram à paralisação nacional (foto: arquivo)

Em 2018, o Brasil literalmente parou durante a greve dos caminhoneiros, com milhares de caminhões que se enfileiravam pelas rodovias do país. A preocupação com uma possível nova paralisação da categoria, que ganha força com as demandas de manifestantes no próximo dia 7 de setembro, fez com que alguns líderes de movimentos dos caminhoneiros manifestassem os seus posicionamentos. Ao longo do país, os caminhoneiros possuem diversas categorias que os representam, logo, o posicionamento não costuma ser unânime, com alguns movimentos sinalizando que devem promover paralisações especificamente no dia 7 de setembro, feriado da Independência do Brasil, mas que não possuem, neste momento, a intenção de deflagrar uma greve.

O principal motivo apontado por líderes dos movimentos dos caminhoneiros se deve ao fato de que haverá “diversas pautas” nos protestos dos brasileiros neste feriado de Independência, na maioria dos casos com fins políticos e de economia. Já outros líderes acreditam que os movimentos dos caminhoneiros podem ganhar força após as manifestações de 7 de setembro, justamente para apontar diretamente para as demandas da categoria.

Caminhoneiro Daniel Sereno: ‘até o momento da paralisação, é uma decisão individual’

Ao L’Attualità, o caminhoneiro são-marquense Daniel Sereno informa que a possível paralisação dos motoristas ainda é uma incerteza. “Eu acho que a paralisação está mais forte para o lado da agricultura do que para o lado dos caminhoneiros dessa vez. Uns dizem que vai paralisar por 72 horas, outros falam que nessas 72 horas vão deixar o caminhão ir até o seu destino. Mas, até o momento dessa paralisação, caso aconteça, é uma decisão individual. Se meia dúzia de motoristas irem lá, resolver trancar a pista e começar que nem da outra vez que houve a greve, aí paralisa e não é mais uma decisão individual”, observa o caminhoneiro.

Segundo destaca Sereno, nesta sexta-feira, dia 3 de setembro, ele carregará o seu caminhão, mas permanecerá em casa. “Eu não vou sair, porque na verdade eu não sei o que vai acontecer. Porque uns falam umas coisas, outros falam outras. Disseram que o presidente pediu para não fazer greve no dia 7 de setembro, por causa do desfile (do feriado da Independência). Outros já estão dizendo que estão arrumando um monte de caminhões para estragar o desfile. Então, há muita especulação”, pondera Sereno.

‘Se realmente o pessoal da agricultura se revoltar mesmo e resolver fazer uma paralisação, tende a ser pior que a do caminhoneiro’

O caminhoneiro acredita que possa não haver paralisação de caminhoneiros no dia 7 de setembro, mas sim nos dias seguintes. “Alguma coisa vai ter, mas talvez não no dia 7, mais para o final da semana. Até o momento eu recebi uma única mensagem nos grupos de WhatsApp sobre o início de alguma movimentação, em Mafra, na divisa de Santa Catarina com o Paraná. E me disseram que já tem motoristas montando barraca em Curitiba, na frente do posto Décio, que já estão se organizando. Alguma coisa vai ter, mas agora, se vai chegar no nível da outra greve, de 2018, eu acho que não”, opina Daniel Sereno. O motorista salienta, contudo, que se a paralisação for liderada pelo setor da agricultura, a greve poderia ser maior que a registrada em 2018. “Se realmente o pessoal da agricultura se revoltar mesmo e resolver fazer uma paralisação, tende a ser pior que a do caminhoneiro, porque a agricultura é forte”, aponta Daniel Sereno.

Município de Vacaria definiu paralisação de caminhoneiros no dia 7

Conforme informa Daniel Sereno, no município de Vacaria uma paralisação dos caminhoneiros já foi definida para o dia 7 de setembro, a partir das 6 horas. Pontos de mobilização e concentração já foram informados por lideranças aos motoristas. De acordo com comunicado enviado em grupo no WhatsApp, as manifestações serão “ordeiras e pacíficas”, com mateada, bandeiraço, presença de máquinas agrícolas e caminhões.

‘Transportadores não têm a menor ideia do que vai acontecer’

Entrevistado pela reportagem, o empresário Rodrigo Michelon, proprietário da transportadora Rodocell, revela que já entrou em contato com outros transportadores e nenhum soube informar se haverá paralisação dos profissionais do transporte no próximo dia 7 de setembro. “Estou conversando com vários transportadores e todos eles não têm a menor ideia do que vai acontecer. Tive conversa com um empresário do Paraná que transporta carreta tanque de produto químico; um empresário de Bento Gonçalves que é transportador de carga fracionada, que gera de 300 a 400 empregos; um outro de Porto Alegre que transporta carreta basculante. Então são vários segmentos, todo mundo está perguntando o que vai acontecer e não sabemos. Todos estão preocupados com o faturamento do mês, com o tamanho das mobilizações, com as repercussões, com a integridade dos caminhões e das cargas”, assinala Rodrigo.

Conforme ressalta, ele já passou algumas instruções para as filiais e motoristas da Rodocell. “O que estou passando para os nossos motoristas é que, já no dia 6, é para ver direito onde é que estão os caminhões e, no dia 7, é para sair para viajar depois das 8 ou 9 horas da manhã e aí se informar se na linha onde o caminhoneiro vai estar, tem alguma paralisação pela frente. Se tiver, não é nem para sair do posto. Porque na última vez, na greve de 2018, não tinha como o motorista furar a paralisação e nem tinha onde ele parar, ele parou onde os manifestantes mandaram parar, que foi no acostamento, e aí a PRF foi lá e multou. Mas o motorista não tinha como ir pra frente, estava no meio da paralisação”, relata Rodrigo.

‘Por mais que a empresa estivesse a fim de se manifestar, isso é proibido’

O empresário salienta que transportadoras não podem se manifestar sobre as paralisações. “Por mais que a empresa estivesse a fim de se manifestar, isso é proibido. O que pode acontecer é o motorista autônomo fazer uma paralisação, mas uma transportadora não pode fazer greve, porque é inconstitucional. Eu não posso expressar os meus sentimentos, não posso expressar que estou insatisfeito com alguma coisa, então é pior que ditadura”, pontua Rodrigo Michelon.