O que São Marcos precisa para se desenvolver, trazendo mais riqueza, qualidade de vida e felicidade para sua população? Muitas das respostas para essa pergunta foram dadas de forma brilhante e aprofundada pelo consultor e especialista de Minas Gerais, Gilmar Barboza, o palestrante escolhido pela CIC São Marcos para a reunião jantar-online da entidade, realizada na noite desta segunda-feira, 16 de agosto, via canais da entidade nas redes sociais.

Em negociação com a CIC do município para desenvolver um planejamento estratégico para a entidade no ano que ela completa meio século de existência, Gilmar já indicou muitos caminhos e fatores a serem observados e trabalhados para que São Marcos entre em uma rota de crescimento e prosperidade e aumento de oportunidades de desenvolvimento para empresas locais e da qualidade de vida para seus moradores.

Acostumado com o fenômeno de ver pequenas cidades mineiras enriquecerem da noite para o dia devido a fatores e investimentos externos, sejam descobertas de jazidas de minérios ou o início da operação de grandes mineradoras em seus territórios, para os são-marquenses que o assistiam, Gilmar foi enfático ao defender o modelo de desenvolvimento endógeno (de dentro para fora) como o sustentável para as cidades, alavancado pelos protagonistas locais, cuja liderança, segundo ele, dever vir dos principais agentes de transformação como poder público e entidades, quando destacou o papel fundamental da CIC São Marcos neste sentido. “A CIC tem um papel de forte destaque nisso que é agregar valor aos produtos e serviços locais, estabelecer conexões para que esses negócios possam trabalhar em regime de cooperação, sensibilizar as pessoas para o consumo local, para a conservação do meio ambiente, dos atributos locais do município, para que eles sejam elementos de atratividade cada vez mais para pessoas com maior nível de renda, com maior capacidade de contribuição para que esse movimento perdure, e também para que haja uma orquestração entre os vários atores locais nesse processo de construção”, apontou Gilmar Barboza.

‘A CIC é uma das entidades que registra maior renda per capita de associados no país’

Gilmar ressaltou a força da CIC no contexto econômico de São Marcos e seu grande potencial de liderança como agente de desenvolvimento do município. “Coloco em evidência que a CIC é uma das entidades que registra maior renda per capita de associados no país, provavelmente figura entre as 5 ou 10 que têm a melhor per capita de associados, são 700 empresas associadas num ambiente potencial de pouco mais de 2 mil empresas, então essa tiragem com certeza oferece total destaque ao trabalho que vocês têm feito e que certamente será coroado com maior êxito diante desse aniversário de 50 anos do legado CIC”, assinalou o palestrante.

Retenção de talentos: ‘o município que exporta adolescentes comete um crime contra o dinamismo econômico local’

Gilmar Barboza questionou os participantes de sua palestra online se o município de São Marcos perde ou atrai pessoas, enfatizando a importância de reter talentos. “O município que exporta adolescentes comete um crime contra o dinamismo econômico local, e, provavelmente, contra outros vários fatores socioeconômicos e inclusive estruturais, porque perde o principal elemento gerador de propulsão econômica, de criatividade e de efervescência, de dinamismo econômico, que é representado pelas crianças jovens e adolescentes. Então, quando olhamos a nossa matriz econômica e tem déficit e saída de pessoas de nosso município, isso se configura como perda de capital humano”, salientou o palestrante.

‘As compras virtuais reduzem a massa de dinheiro circulante no município’

Gilmar abordou também o impacto das compras virtuais na redução da massa circulante de dinheiro nos municípios. “Temos hoje um grande concorrente potencial, que são as compras virtuais. Por exemplo, na cidade de Ouro Preto (MG), num estudo feito em 2010, deveria haver cerca de R$ 160 milhões em circulação, mas, quando levantados os números efetivos, a massa circulante de recursos do município, por meio inclusive da circulação bancária, percebia-se haver menos de R$ 80 milhões. Isso porque as compras virtuais causam um grande rombo. Ao contrário de comprar no comércio local, a pessoa vai para a internet”, observou Gilmar.

Outro fator de evasão de riquezas das cidades levantada pelo consultor e especialista foi o pagamento de juros e encargos, apontado por ele como um fator que, além de tirar dinheiro de circulação da economia, “corrói a produtividade do trabalhador”. “Temos que olhar em São Marcos, onde provavelmente o nível de produtividade deve estar acima da média nacional, qual é o nível de endividamento, porque a pessoa que está endividada tem baixa produtividade”, aponta.

‘Negócios familiares são melhores para a cidade’

O palestrante também ressaltou a importância de negócios familiares para o crescimento econômico de um território, apontando o lado negativo da instalação de franquias. “Negócios familiares são melhores para a cidade. Apesar de as franquias serem mais bem sucedidas que os negócios tradicionais, elas são uma faca de dois gumes, porque uma parte principal da rentabilidade daquele negócio vai para o franqueador. Municípios que têm uma forte presença de franquias conspiram contra os negócios locais e familiares”, alertou o palestrante Gilmar Barboza.

‘Serviços público e de saúde atraem renda para os municípios’

O especialista destacou também a importância do papel dos serviços públicos e de saúde para a geração de renda de um município. “Assistimos ao movimento migratório dos cidadãos à procura de saúde, de educação, de serviços públicos. Quando esse movimento migratório ocorre, nós vamos consumir do município vizinho. A ideia é observar esses fenômenos e começar a operar a reversão desse quadro, quando colocamos em evidência a equação do desenvolvimento”, aconselhou o palestrante.

‘Temos que inverter a engrenagem da rápida saída dos recursos do município para a engrenagem que fideliza capital, renda e riqueza’

Conforme observou, é necessário “inverter a engrenagem da rápida saída dos recursos do município para a engrenagem que fideliza capital, renda e riqueza”. “Para que aquela mesma cédula de R$ 100 circule mais ativamente na nossa economia por mais tempo, por mais dias, nas mãos de mais negócios, mais pessoas, de modo a irrigar mais famílias e cidadãos locais”, destacou Gilmar.

Ao final de sua palestra, Gilmar reforçou a importância da formação de redes de cooperação nas cidades, ampliando a capacidade de conexão entre as associações, levando à multiplicação dos agentes de transformação, que podem ser empresas, agentes comunitários ou instituições. A palestra na íntegra está disponível no canal da CIC São Marcos no Youtube. Acesse https://youtu.be/5EQ8wGvtAj8

Conheça Gilmar Barboza

Gilmar Barboza é administrador de empresas e pós-graduado em Gestão do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental com ênfase em Turismo. Especialista em Gestão e Elaboração de Projetos e Sistemas de Gestão, atua há mais de 20 anos como consultor e palestrante em temas relativos à Liderança, Desenvolvimento Local, Setorial e Territorial. Gilmar é coordenador de estudos técnicos baseados em ciência de dados e análises estratégicas em temas referenciais para a criação do ambiente favorável ao desenvolvimento dos pequenos negócios. É autor metodológico de estratégias de abordagem a cadeias de valor; desenvolvimento local e regional; e cooperação para a competitividade em arranjos produtivos locais e clusters. Coautor do Manual de Boas Práticas para Formação e Gestão de Núcleos Setoriais e do Manual de Desenvolvimento Organizacional de Entidades de Representação Empresarial da CACB. Sócio proprietário da Forward Consultoria e da Ápice Games – empresa especializada em gestão estratégica do conhecimento e formação de redes de cooperação. Gilmar também é facilitador do Programa Liderança para o Desenvolvimento Regional e LiderAção do Sebrae, atua em processos de consultoria pela CACB e União Europeia (Projeto AL-Invest) e é autor metodológico do Programa Transformar da CACB.