Após a Ação de Empresas Pró-Caminhoneiro, com entrega de kits de álcool gel, alimentos e brindes para os caminhoneiros – cuja segunda edição acontece no próximo dia 30 de abril, no Km 122 da BR 116 – , São Marcos, capital gaúcha dos caminhoneiros, inicia um segundo movimento em prol dos profissionais da estrada. Desta vez, trata-se de uma mobilização em torno da reivindicação da vacinação contra a covid-19 para os caminhoneiros em caráter prioritário. A primeira ação foi a colocação de quatro faixas expondo o pedido e argumentos da categoria em pontos da BR 116, próximos à cidade de São Marcos.

A ideia partiu do transportador Cláudio Machado, sendo encampada pelos grupos de rádio amador Gasmar e GCS (Grupo Cidade Scania). “A ideia foi fazer em nome dos dois grupos e em nome de todos os motoristas. Gostaríamos que essa iniciativa se espalhasse pelo Rio Grande do Sul até para outros municípios fazerem isso e quem sabe chegue em Porto Alegre e a capital muda o critério e os caminhoneiros consigam entrar nesse grupo prioritário”, explica Cláudio. Ele relata a indignação entre os motoristas de caminhão diante da falta de apoio dos governos durante a pandemia. “Os motoristas estão indignados porque eles são também um grupo de risco, estão saindo, viajando para toda a parte do país. Uns no Mercosul, fim do ano tinha os testes que as empresas, as entidades pagaram, daí passou as eleições e o final do ano e não foram mais feitos. Então hoje as pessoas que estão no presídio têm direito à vacina e o motorista não têm”, observa.

Conforme relata, além do risco diário de contaminação devido à atividade, também há o risco e as dificuldades de precisar de atendimento médico longe da família. “Tenho motorista que ficou hospitalizado em Belo Horizonte 12 dias, deu alta ontem. Graças a Deus deu tudo certo, ele começou a sentir os sintomas, foi pro médico, pessoal deu toda a assistência. Ontem teve alta. Em contrapartida, perdemos dois caminhoneiros aqui em São Marcos em consequência da covid-19. Então porque esse pessoal não é grupo prioritário?”, questiona Cláudio Machado.

‘A partir de amanhã vou mobilizar o pessoal de Três Cachoeiras e de todo o Estado do Rio Grande do Sul’

O caminhoneiro Everton Santos, presidente da Gasmar, grupo de radio amador em atividade há 31 anos, hoje com 135 caminhoneiros participantes, reforça a reivindicação pela vacina para os motoristas. “Não paramos durante a epidemia, trabalhamos direto ajudando as pessoas, colocamos a nossa vida em risco, e não estamos sendo reconhecidos agora que chegou a vacina, nem pelo governo do Estado e nem pelos prefeitos. Ajudamos todo mundo e agora não estamos sendo ajudados”, aponta.

Conforme explicou neste domingo  (18) à reportagem do L’Attualità, após a colocação das faixas, o próximo passo é a mobilização de grupos de caminhoneiros em outros municípios gaúchos. “A partir de amanhã vou mobilizar o pessoal de Três Cachoeiras e de todo o Estado do Rio Grande do Sul. Até gravei um vídeo em frente à faixa colocada no posto ARB e vai ser a nossa divulgação agora”, explica Everton.

‘Queremos uma segurança para podermos trabalhar também’

As faixas pedindo prioridade da vacina covid-19 para os caminhoneiros foram colocadas em quatro pontos da BR 116, em São Marcos: uma em frente ao posto ARB, km 113;  uma próximo à tenda Meneguzzo, sentido Campestre da Serra a São Marcos, km 108; uma em frente ao Posto Petrolino, sentido São Marcos  a Campestre, km 115; e uma no distrito Pedras Brancas, próximo da entrada da cidade de São Marcos, sentido Caxias a São Marcos, km 118.

“Nós também somos prioridade. Até estava escutando uma reportagem dizendo que no Rio de Janeiro vão vacinar os jogadores de futebol, será que um jogador de futebol tem que ser vacinado primeiro, ou seria os caminhoneiros, os médicos, os policiais, os trabalhadores dos mercados que estão lidando direto com a doença ou cuidando dos alimentos? E em vez disso vacinar primeiro jogadores e pessoas na cadeia? Será que é certo o que está acontecendo nesse nosso país? Ou teremos que cruzar os braços e deixar todo mundo morrer de fome, será que é isso que o governo quer que a gente faça?”, reclama Everton. “A gente só quer prioridade para os caminhoneiros, queremos chegar em casa com segurança, e também não levar a doença para as outras pessoas. Queremos uma segurança para podermos trabalhar também. Sabemos que a vacina não vai evitar de pegar a doença, mas vamos ficar mais protegidos, de não tem que precisar de atendimento médico longe de casa e da família”, conclui o presidente da Gasmar.