A Polícia Civil de São Marcos segue realizando as investigações do inquérito para apurar as circunstâncias do grave acidente registrado na BR 116, km 114, em São Marcos, no último dia 18 de dezembro. A colisão entre uma motocicleta conduzida por Flaviano Fabbris, 42 anos, e um veículo Nissan Versa ocorreu nas proximidades do Posto Petrolino. O motociclista morreu na hora e o condutor do veículo não sofreu lesões. As imagens da câmera de loja de materiais de construção situada em frente ao local da colisão comprovam que ambos, motocicleta e veículo, seguiam em sentidos diversos, e não no mesmo sentido como chegou a ser informado por boletim da Polícia Rodoviária Federal. “O boletim do acidente de trânsito registrado pela Polícia Rodoviária Federal aponta que ambos os envolvidos trafegavam sentido Caxias – Vacaria. Entretanto, por meio de outros elementos de prova, a Polícia Civil apura o fato e, neste momento, pôde identificar que os indivíduos envolvidos trafegavam em sentidos diversos, inclusive estando em posse de imagens do ocorrido”, informou o delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Felipe Keller, na manhã desta terça-feira (28). O vídeo divulgado pela Polícia Civil de São Marcos comprova que a motocicleta seguia no sentido Caxias do Sul a Vacaria, enquanto o automóvel vinha no sentido oposto.

Alto risco: acesso de veículos à Rua Vinte e Sete de Janeiro pela BR 116, em local sem sinalização, é intenso

Outro dado confirmado pelas imagens é o movimento intenso de veículos acessando o perímetro urbano de São Marcos no ponto do acidente, pela Rua Vinte e Sete de Janeiro, apesar de não haver acesso sinalizado na pista para a conversão.

Condutor de Nissan será o útimo a ser ouvido pela Polícia Civil

De acordo com o delegado da Polícia Civil de São Marcos, Rafael Felipe Keller, o motorista do Nissan Versa, de 57 anos, relatou à Polícia Rodoviária Federal que não visualizou o motociclista no momento do acidente, quando saiu da pista (sentido Vacaria a Caxias do Sul), sem recuar para o acostamento, e tentou ingressar direto na Rua Vinte e Sete de Janeiro, acesso ao centro da cidade de São Marcos, momento em que cortou a frente da motocicleta Honda CBR 600rr, dirigida por Flaviano. Para a Polícia Civil o condutor ainda não prestou depoimento, pois deverá ser o último a ser ouvido no inquérito, conforme aponta Keller.

O delegado também informa que a Polícia Civil de São Marcos aguarda laudo do IGP (Instituto Geral de Perícias) para determinar a velocidade da motocicleta conduzida pela vítima fatal do acidente. “Pelo vídeo (capturado por câmera de segurança de loja de materiais de construção) já conseguimos ver que ele estava acima da velocidade que a via permite, mas vamos esperar o laudo para precisar o quanto acima ele estava”, assinala Rafael Keller. Ambos os condutores, conforme o delegado, possuíam carteira de habilitação em situação regular.

‘Se realmente for comprovada a situação irregular da pista, as famílias podem vir a obter alguma indenização do Estado’

Questionado pela reportagem do L’Attualità sobre inexistência no km 114 de sinalização e via de acesso ao centro da cidade pela Rua Vinte e Sete de Janeiro, o delegado informa que as famílias da vítima e do condutor poderão reivindicar indenização do Estado mediante comprovação de irregularidades no local. “Tem muita gente que faz o acesso e na verdade ali é um risco, porque não tem uma visão muito boa da pista. Aí vem alguém mais rápido e complica os dois lados, como nesse caso, em que o motociclista faleceu e o condutor que acaba se complicando também. Como essa questão não tem nenhum viés criminal, não é possível responsabilizar o Estado, mas, se realmente for comprovada a situação irregular da pista, as famílias podem vir a obter alguma indenização do Estado. É possível junto ao Fórum que se busque essa indenização”, explica Rafael Keller.

O delegado destaca que não há prazo de conclusão do inquérito do acidente, mas o mesmo é uma das prioridades da Polícia Civil de São Marcos. “Hoje vamos ouvir mais algumas pessoas, proceder mais algumas diligências, mas com essas datas festivas acaba atrapalhando um pouco para conseguirmos os depoimentos. Mas vamos tentar finalizar o mais rápido possível”, ressalta Keller. Conforme detalha, após a conclusão do inquérito, o mesmo será remetido ao Poder Judiciário, que o encaminha para o Ministério Público. “Para ver se o Ministério Público concorda com as investigações, podendo oferecer uma denúncia ou pedir o arquivamento do inquérito, dependendo do que a gente concluir. Como no direito penal não existe compensação de culpas, a culpa recíproca pode alterar a pena, mas o crime continua existindo”, observa Rafael Keller.